Dezembro se avizinha e com ele chegam, de trenó, as belas luzes, os enfeites e aquele clima amigável e familiar, que deixa os corações quentinhos sem nem considerar o calor escaldante que faz do lado de fora.
E por mais que não faça o mais remoto sentido as referências à neve, animais de clima frio, cachecóis e meias grossas, em um país tropical onde o verão se dá na data de tais festas, os símbolos ainda perduram no imaginário popular, e a tradição sobrepuja a lógica.
Essa época do ano tem uma origem inimaginavelmente diversa do que a cultura recente ensina, assim como diversas outras datas festivas que se dão todos os anos, seja para marcar dias históricos relacionados a lutas sociais, exaltar uma conquista nacional ou por alguma tradição religiosa.
Todavia, antes de discorrer sobre as origens do Natal e demais datas importantes, é impreterível fazer uma observação relevante quanto ao reflexo socioeconômico de tais comemorações, e, principalmente, a relação que tais tradições têm com a tecnologia e o quão adaptável que se mostraram.
Papai Noel: O Pioneiro Do E-Commerce
A ideia de um senhorzinho gentil sobrevoando o mundo com seu trenó puxado por renas voadoras, dando brinquedo a todas as crianças que se comportaram bem ao redor do mundo, definitivamente é encantadora, e uma boa forma de controlar os filhos.
Porém, ao crescer, fica claro que quem tem que se comportar bem o ano todo para ter um bom Natal não são os filhos, mas sim os pais, para manterem seus empregos e ter como adquirir os presentes que são tão aguardados no dia 25.
Porém, tendo fantasias a alimentar ou não, o Natal é, sem dúvidas, a época mais rentável para os comércios em todo o ano.
Isso se dá mesmo diante da massa de desempregados que se formou nos últimos anos no Brasil. E o maior aliado disso é o e-commerce.
Não ter que pagar o preço de lojas físicas, faz valer a pena qualquer compra pela internet, já que mesmo contando com o frete, os valores quase sempre são flagrantemente inferiores, uma vez que não está inserido no preço a comissão do vendedor, o aluguel e o condomínio do ponto comercial, entre outras despesas comuns para quem tem um estabelecimento aberto ao público.
O E-commerce se consolidou de uma vez por todas no Brasil durante a pandemia e, segundo pesquisa feita pelo site Conversion, no último ano, 83% dos entrevistados afirmaram que iriam presentear alguém.
Todavia, há números ainda mais surpreendentes: 41% afirmaram gastar menos do que no ano anterior.
O que torna tais números surpreendentes é o fato de que mesmo o ímpeto de presentear sendo a maioria absoluta, o desejo de gastar menos ainda se sobrepõe, e isso acaba fazendo com que mais gente se direcione para o e-commerce.
Antes a pesquisa que era feita de loja em loja sobre qual o celular com o melhor custo-benefício é substituída por qual o melhor celular, em uma breve busca na internet.
As filas que se davam nas portas das lojas são substituídas por chuvas de acessos no site do rastreamento Correios.
A animação e o aquecimento do mercado é evidente, e a praticidade e economia que as compras virtuais trouxeram para esse contexto deixa tudo ainda mais animador.
Todavia, é ainda interessante entender como uma festa pagã conseguiu misturar um bom velhinho, Jesus Cristo e a prática de trocar presentes.
Uma Farta Colheita e Um Bom Plantio Novo
O Natal, como diversas outras festividades cristãs, é uma adaptação de uma festa pagã, a Saturnália, festival que ocorria do dia 17 a 25 de dezembro na Roma antiga e homenageava o Deus Saturno, além de comemorar o solstício de inverno.
A festa tinha um clima carnavalesco, onde os senhores se vestiam de servos e os homens de mulheres.
Com o passar do tempo, alguns costumes mais familiares da época natalina foram surgindo, e a partir do século IV, quando o cristianismo se fazia mais proeminente na região, alguns conceitos foram adaptados e aglutinados.
A própria data do nascimento de Jesus, não é celebrada em 25 de dezembro, por acaso.
Não existe na teologia um consenso quanto ao nascimento do filho do Deus cristão, todavia, o termo natal vem do latim “natalis”, que é derivado do verbo nascer (nascor), e foi nesse contexto que surgiu a ideia de associar o nascimento de Cristo, o símbolo da nova religião à uma época de renascimento, pois este representava a nova luz que estava a recair sobre o mundo.
Outros elementos foram munindo o arsenal de tradições da festa, como o presépio, o pinheiro enfeitado, originado por Martinho Lutero, e o mais emblemático: Papai Noel, inspirado em um bispo turco chamado São Nicolau, que costumava deixar moedas nas proximidades das casas dos mais necessitados.
Com o tempo, a ideia do bom velhinho foi capitalizada e vendida em diversos anúncios, principalmente pela empresa Coca-Cola, que utiliza a imagem do personagem desde os anos 20.
Mais Rebrandings De Festividades
O Natal não é a única festividade que teve uma interferência no decorrer dos séculos.
Seja por imigração dos povos que originalmente comemoravam tais datas, seja pelo mercado ou pela influência da igreja católica, muitos outros feriados se reinventaram para chegar no que se tem hoje.
Um exemplo clássico disso é o dia 12 de junho, em que, no Brasil, se comemora o Dia dos Namorados.
Todavia, a data original e que se mantém para o resto do mundo é dia 14 de fevereiro, o dia de São Valentim.
A data de 14 de fevereiro marca o dia da execução do santo que era conhecido por casar soldados que eram proibidos de fazê-lo pela igreja, pois era acreditado que isso os tornava mais suscetíveis de desistir de lutas no campo de batalha, a fim de voltar para casa com vida.
A tradição da troca de cartas se originou pelo fato de que São Valentim se apaixonou pela filha do carcereiro e escreveu a ela uma carta antes de sua execução.
Em meados do último século, o publicitário João Dória, notara um arrefecimento do mercado entre o dia das mães e o dia dos pais, e então aproveitou a data para criar um novo marco comercial para estimular as vendas, o resto é história.
Santo Antônio também tem sua data marcada no Brasil: dia 13 de junho é a data em que se homenageia o santo casamenteiro.
Seja como for, as datas comemorativas são uma época de, das mais variadas formas, aproveitar e demonstrar seu carinho para quem se ama, é o gás que o ser humano precisa de tempos em tempos para se animar face às árduas cargas de trabalho, seja qual for o feriado, o presente é o tempo que se ganha ao lado das pessoas que se ama.
Este conteúdo não reflete a visão do Correio Braziliense.
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