» DOUGLAS CARVALHO
ESPECIAL PARA O CORREIO
Está em curso a quarta revolução tecnológica. Ela promove a conexão direta da web com
eletrodomésticos, máquinas industriais e meios de transporte - a chamada internet das coisas - e
exige a automatização das fábricas e o aprimoramento de sistemas ciber-físicos - interação
homem-máquina - na produção logística. Tudo isso faz parte de um novo cenário laboral que se
desenha no mundo contemporâneo, o da indústria 4.0, contexto que torna o sistema global de redes
de computadores cada vez mais essencial ao mundo do trabalho e faz com que profissionais
inabilitados a explorar os mais modernos aparatos tecnológicos saiam do foco das principais
companhias.
Os setores de trabalho, em especial a indústria, têm modernizado o sistema de produção com o
objetivo de reduzir tempo e custo. Maquinário obsoleto dá lugar a equipamentos complexos, que,
por sua vez, demandam competências antes dispensáveis ao trabalhador. "Essa otimização exigirá
do profissional habilidade com o mundo digital. Ele precisará ser multidisciplinar, saber
conceitos de informática, matemática, tecnologia da informação, robótica", elenca o professor de
engenharia de produção Eduardo Zancul, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli-USP). %u201CÉ o caso de veículos não tripulados e serviços bancários no celular%u201D,
exemplifica.
O professor salienta que a implementação de métodos automatizados - com a participação de robôs
- não implica a dispensa dos funcionários da linha de produção. Isso porque eles tendem a
exercer tarefas estratégicas e de monitoramento da estrutura funcional. "Um equipamento que
estraga causa diversos transtornos às empresas. Por isso, investe-se em tecnologias preventivas,
que alertam para a necessidade, por exemplo, de se fazer troca de peças da máquina antes de
ocorrer o defeito. O profissional precisará atender a essas demandas", explica. "Há sensores de
temperatura, pressão, vibração e ruído que ajudam na identificação de problemas das máquinas",
acrescenta.
Outra competência emergente é a capacidade de analisar dados, principalmente por causa do uso do
big data, método difundido, principalmente, nos Estados Unidos. O termo descreve o vasto volume
de dados coletados da maior quantidade possível de fontes sobre transações comerciais, redes
sociais e informações de sensores ou dados transmitidos de máquina a máquina.
Um equipamento que estraga causa diversos transtornos às empresas. Por isso, investe-se em tecnologias preventivas, que alertam para a necessidade, por exemplo, de se fazer troca de peças da máquina antes de ocorrer o defeito. O profissional precisará atender a essas demandas"Eduardo Zancul, professor de engenharia de produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP)
A indústria 4.0 também exigirá flexibilidade de seus trabalhadores. A instalação de
mecanismos de manutenção preventiva tende a criar demandas nas fábricas a qualquer período do
dia, o que aumentará a necessidade de trabalhos também durante madrugadas, por exemplo. Por
outro lado, a internet das coisas facilitará a interação entre homem e máquina a distância e,
assim, possibilitará ao trabalhador exercer suas funções da própria casa.
Essas mudanças corroboram o prognóstico de um estudo elaborado pela consultoria Roland Berger
neste ano. A pesquisa prevê a recriação e o deslocamento de 10 milhões de trabalhos somente na
Europa Ocidental, tendência que deve seguir para outros continentes. A principal concentração de
empregos ocorrerá nas indústrias, essencialmente nas áreas relacionadas diretamente à
tecnologia. %u201COs setores de automação, eletrônica, inteligência artificial e games são
sempre bastante aquecidos%u201D, lista Eduardo Zancul.
As transformações deste novo modelo no cenário brasileiro ocorrem a passos lentos,
principalmente em razão da crise econômica. A força de trabalho do setor industrial, no entanto,
anima: na contramão das principais potências da área (Alemanha, Estados Unidos, Japão, Rússia e
Índia), o Brasil engrossou a quantidade de empregos, embora timidamente %u2014 passou de 10,4%
em 2000 para 11,1%, em 2014, como indica a pesquisa da Roland Berger. A automação, no entanto,
permaneceu baixa. No mesmo período, foi de dois para 10 robôs presentes na fabricação a cada 10
mil funcionários, enquanto na Coreia do Sul há 478, seguida por Japão (323), Alemanha (282) e
Estados Unidos (155).
A qualificação técnica do profissional 4.0 ocorrerá, primeiramente, dentro das indústrias, pela
instalação de postos de trabalho da manufatura avançada. Isso implicará redução de custos e
tempo no processo produtivo e o aperfeiçoamento desse trabalhador. "Esses postos devem capacitar
o funcionário e facilitar o processo de montagem, levando a ele a tecnologia necessária para
isso", comenta Carlos Eduardo Pereira, diretor de operações da Empresa Brasileira de Pesquisa e
Inovação Industrial (Embrapii).
"Em uma das principais montadoras de automóveis da Alemanha se trabalha com realidade aumentada
na composição dos carros: há uma tela interativa pela qual o operário manipula as peças e simula
um motor, por exemplo. O programa, em seguida, informa se a estrutura montada apresentaria
falhas e se as peças estavam bem apertadas", descreve o dirigente, que também é professor e
pesquisador no curso de engenharia de controle e automação da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS). Este sistema tem sido testado em grandes companhias da Alemanha, país pioneiro
nos estudos e nas implementações de métodos da nova configuração de indústria.
» PEDRO GRIGORI*
Grande parte das empresas ainda está na fase embrionária dessa nova revolução industrial,
conforme destaca Marcos Bardagi, gerente da área de Portfólio, Operações e Conhecimento da
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). A entidade faz análises de empresas de todos os portes e,
depois, as certifica com um Modelo de Excelência de Gestão, onde são mostrados os eixos
potenciadores de performance e os pontos fracos, para que assim os gestores saibam onde devem
aperfeiçoar os serviços.
"O momento que vivemos hoje é muito importante. Essa nova revolução industrial vai fazer as
empresas ganharem eficiência, levando em conta o uso massivo da comunicação e da informática e o
processo feito máquina com máquina. O que podemos observar é que as organizações estão se
transformando, principalmente nos seus chãos de fábrica", explica.
Marcos Hillal, 41 anos, conta que, para fazer parte da indústria 4.0, é necessário estar em
constante atualização. "Trabalhando em uma empresa que se atualiza tanto, é necessário estar
sempre por dentro do que há de novo. Para isso, a ABB promove cursos e palestras, on-line ou
presenciais, sempre que algo novo é implantado", explica. Ele trabalha na multinacional que
serve tecnologias digitais para outras organizações há 15 anos. A empresa atua em mais de 100
países, com cerca de 135 mil funcionários em todo o mundo.
Essa nova revolução industrial vai fazer as empresas ganharem eficiência, levando em conta o uso massivo da comunicação e da informática e o processo feito máquina com máquina. O que podemos observar é que as organizações estão se transformando, principalmente nos seus chãos de fábrica"Marcos Bardagi, gerente na Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)
Formado em engenharia elétrica na Universidade São Judas Tadeu, Marcos acredita que
ainda não existe um curso de graduação que prepare universitários para atuar em uma empresa que
se enquadre na quarta revolução industrial. "Temos aqui um misto de internet, automação e
processamento de dados. Com apenas uma graduação é impossível ser inserido diretamente em
empresas que trabalhem com conceitos de internet das coisas e computação em nuvem. Então o
graduando ainda necessita se formar em algum curso, como engenharia de controle e automação, e
depois realizar cursos complementares", afirma.
Marcos trabalha vendendo e apresentando o conceito de indústria 4.0 da ABB, atuando dentro da
indústria de eletrificação e automação dentro das corporações, desde a entrada da energia até a
distribuição de baixa tensão. A rotina é incerta, contando com diversas viagens para apresentar
os serviços da multinacional. "Entrei aqui como engenheiro júnior. Tinha experiência em empresas
menores, mas, ao integrar a equipe, fiz treinamentos para saber dos produtos que a ABB oferece e
em como apresentá-los para outras empresas", conta.
*Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer
» DOUGLAS CARVALHO
ESPECIAL PARA O CORREIO
A nova configuração do setor produtivo torna a busca por mão de obra qualificada mais intensa e
a educação profissional ganha papel de destaque para suprir essa demanda. No entanto, as lacunas
deixadas pelo ensino médio têm reflexo no número de jovens que chegam às próximas etapas do
ensino: 83% deles não seguem para a universidade e apenas 11% optam pelo ensino técnico.
"O investimento na formação técnica supre a urgente expectativa de uma grande parcela dos jovens
que não necessariamente vai para o mercado de trabalho", comenta a coordenadora de Educação da
Unesco no Brasil, Rebeca Otero. Ela afirma que há um "endeusamento" do meio acadêmico, que nos
dias atuais não assegura bons empregos e salários, estabilidade financeira e ascensão social.
A coordenadora também defende a integração dos setores público e privado para a expansão do
ensino técnico no país, por meio de parcerias entre os governos federal e estaduais e a
indústria. E ressalta a importância de se fazer mapeamento prévio das áreas do mercado de
trabalho que mais necessitam de profissionais formados no ensino técnico. "Nós devemos inverter
a lógica atual: em vez de trabalhar com oferta sem saber as necessidades, devemos nos ater às
demandas", explica. "Inclusive, considerando cada área geográfica. Há regiões que necessitam
mais mão de obra no setor agropecuário", exemplifica.
O professor Hugo Ferreira Braga Tadeu, pesquisador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da
Fundação Dom Cabral (FDC), endossa a urgência pelo investimento no ensino técnico, que demanda,
segundo ele, conhecimentos aprofundados em inovação, empreendedorismo, computação cognitiva,
solução de problemas e nova cultura de negócios. Ele também salienta a importância de melhorias
no setor acadêmico. "O tempo é o hoje. As universidades brasileiras precisam melhorar o processo
de formação, a educação formal, e avançar nas parcerias com as indústrias", ressalta o docente,
que é também coordenador do Centro de Referência em Inovação Nacional da FDC.
Uma das formas de estímulo à educação profissional no Brasil é a Olimpíada do
Conhecimento, principal competição da área nas Américas, promovida pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai). A 9ª edição do evento bienal ocorreu de 10 a 13 de novembro, em
Brasília. A programação incluiu um seminário com especialistas e líderes da indústria nacional e
estrangeira para debater os caminhos da educação do futuro.
Um dos palestrantes convidados, Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e
Sociedade (Iets), elencou os problemas que dificultam a universalização da educação de qualidade
no país. Na avaliação dele, o principal entrave não são os recursos, uma vez que o percentual de
6% do PIB investido na área atualmente lhe parece suficiente. A má gestão, as falhas na formação
dos professores e a priorização de um modelo clássico de educação, com uma trajetória única de
formação, são algumas das questões que devem ser levadas em consideração, segundo Schwartzman.
A Olimpíada do Conhecimento é o passaporte para a disputa mundial, a WorldSkills. A próxima
edição do evento internacional está prevista para o ano que vem, em Abu Dhabi, nos Emirados
Árabes. O Brasil já ganhou diversas medalhas no torneio.
» DOUGLAS CARVALHO
ESPECIAL PARA O CORREIO
O mundo começa a direcionar os holofotes para a quarta revolução industrial. O processo,
chamado de indústria 4.0, promete remodelar a cadeia produtiva, em especial, o setor
fabril. Em entrevista ao Correio, o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, detalhou as transformações que esse setor
promoverá e esboçou o perfil do tipo de profissional de que o mercado precisará.
"Indivíduos com formação técnica flexível, domínio de ferramentas e competências
socioemocionais, trabalho em equipe, língua estrangeira", elencou. Projetou ainda um
cenário semelhante ao das produções cinematográficas futuristas, em que roupas terão,
por exemplo, componentes nanotecnológicos capazes de se adaptar à temperatura e ao
biotipo do usuário.
Lucchesi apresentou alguns dos principais desafios do Brasil para se inserir neste
modelo. Encabeça a lista de entraves a retração do setor, causada pelo poderio da China
na manufatura, segundo o dirigente, que também é diretor-geral do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai) e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria
(Sesi). "No Brasil, precisamos nos esforçar mais para termos ambições e uma participação
mais destacada nessas novas cadeias globais de valor que estão se desenvolvendo",
resumiu.
Quais desafios a indústria brasileira enfrenta nesse cenário de recessão
econômica?
Estamos vivendo um processo de crise econômica, mas vimos que, nesse período recente, houve um
encolhimento da indústria no Brasil. A China tem se consolidado em uma grande posição de
manufatura e domina os mercados globais, reduzindo a posição dos demais competidores, como era o
caso do Brasil, por exemplo. Nesses próximos anos, já está imposta uma nova revolução
industrial, onde haverá uma grande transformação, que é a ascensão da indústria 4.0. Só para dar
um exemplo, a indústria automobilística japonesa ganhou predominância no mundo a partir da 4.0,
que substituiu as indústrias americana e europeia, que tinham um setup mais lento. Os japoneses
conseguiam trocar o setup de uma planta industrial em seis horas. Em uma montadora americana ou
europeia, demorava duas semanas. As montadoras americanas e europeias tiveram que se ajustar ao
padrão japonês. Agora você imagina que, na indústria 4.0, que está nascendo, o setup de produção
vai ser definido em tempo real, ou seja, as máquinas que vão decidir o regime de produção,
integrando todas as variáveis - a de logística, a de encomenda, a do preço, a de energia
elétrica, a da melhor equação de estorno dos trabalhadores - e isso tudo estará ajustado ao
regime de produção industrial. Imagine a complexidade que isso vai propiciar. Evidentemente,
isso vai redefinir um conjunto de novas profissões que vão nascer e vai haver uma maior
valorização das profissões transversais.
O que seriam essas profissões transversais?
Por exemplo, um técnico em automação industrial ou um técnico da área de mecatrônica, que vão
servir a esse conjunto de novas atividades, terão um papel presente e decisivo e serão
demandados fortemente pela indústria e pelas atividades correlatas.
A responsabilidade pela formação é compartilhada entre o profissional e as empresas?
Isso é distribuído no mercado sempre. É claro que as empresas vão procurar esse tipo de
competência. São competências inclusive decisórias, socioemocionais: trabalhar em equipe,
trabalhar em cooperação, capacidade de acessar um conjunto de informações, de decidir. Vai haver
um processo de mudança de perfil do trabalhador em todas cadeias de valor, inclusive na
indústria. O Senai está levando isso fortemente em consideração na reformulação do conteúdo dos
seus cursos, como deve estar acontecendo com todos os demais atores. Os indivíduos, as famílias,
obviamente aqueles mais bem informados com relação a esses novos valores que devem ser
afirmados, estão buscando nas suas escolhas profissionais, no seu planejamento de carreira, essa
direção. Quem vai ser mais bem-sucedido? Vão ser aqueles indivíduos ou aquelas empresas que
dominarem as informações na sua decisão estratégica. Então, obviamente, dois indivíduos, um que
está buscando formação técnica - e formação técnica mais flexível -, domínio de ferramentas e
competências socioemocionais, trabalho em equipe, língua estrangeira, certamente está se
posicionando melhor do que outro que está fazendo um esforço tradicional, apenas cursando o
ensino médio para depois procurar um emprego. Vai ser bem mais difícil.
No Brasil, nós precisamos nos esforçar mais para termos ambições e uma participação mais destacada nessas novas cadeias globais de valor que estão se desenvolvendo"
Como está o Brasil em relação ao contexto mundial?
Os países onde tiver um maior domínio dessas competências, evidentemente, vão emergir numa
posição melhor do que os países que forem mais lentos. Hoje, você tem políticas públicas fortes
para indústrias 4.0 e um esforço grande dos países. Pelos dados que temos, tanto os Estados
Unidos quanto a Alemanha, o Japão e a China são países que estarão bem-conectados com essa
agenda futura. No Brasil, nós precisamos nos esforçar mais para termos ambições e uma
participação mais destacada nessas novas cadeias globais de valor que estão se desenvolvendo.
Até que ponto as empresas, os jovens trabalhadores e o governo devem concentrar esforços em
termos de parceria para acelerar esse processo?
Essa é a formação do futuro. Não vamos andar para trás. Os países que protagonizaram a revolução
industrial são os países mais ricos hoje. Quem ficou com a produção de base agrícola, com uma
lógica ambientalista ficou para trás. Os Estados Unidos protagonizaram a segunda revolução
científica e tecnológica, liderada pelo motor a combustão interno, sistemas de transmissão de
energia elétrica, a urbanização, e foi um dos países que mais avançaram, assim como a Rússia, a
partir da virada do século 20. E a Europa Ocidental veio com uma nova arquitetura. Inclusive com
a ascensão da Alemanha, que é um país de unificação tardia, mas que conseguiu um protagonismo
forte com uma revolução científica e tecnológica, liderada pelos setores automobilístico, de
química e de mecânica. No fim do século 20, nós tivemos uma revolução que veio da parte de
microeletrônica e de telecomunicações. Começa nos EUA, mas depois transborda e temos a ascenção
forte do Japão, da Coreia do Sul, de Taiwan. Mais tarde, a queda do Muro de Berlim. Nós tivemos
um tigre asiático do tamanho de um mamute, que é a China. É um tigrão que desequilibrou os
mercados emergentes. Se nós olharmos a história, quem sempre se conecta com essas agendas
vencedoras serão as sociedades ricas.
Quais as competências chave para esse profissional 4.0 e por que elas são tão
importantes?
Eu dei o exemplo dos robôs tomando a decisão da produção industrial, mas, na verdade, é tudo ao
nosso redor. Veículos que vão ter condição autônoma: trem, metrô, avião, navio. O embarque e
desembarque da operação portuária. A logística vai ser muito mais restritiva, porque a
programação de todos os containers que vão chegar no navio ao porto já estará pronta. E o robô
que vai operar o desembarque já vai colocar na logística exata para o reembarque, ou o
desembarque, ou o processamento daquele produto. Vai haver uma logística muito mais eficaz no
sentido de se ganhar tempo. Outra coisa: com condução autônoma você estará no seu veículo e
usará seu tempo para ler, se informar, se divertir, jogar, estudar. A indústria 4.0 vai ser a
internet de todas as coisas. Vai ser a fusão do mundo ciber-físico. O que é isso? É que todas as
coisas vão participar do mundo digital, porque tudo vai conversar com tudo. O nível de automação
que será muito grande. Seja fazer compras ou um conjunto de novos modelos de negócio que
existirão ao seu redor a partir disso. Aquele tempo que você fica procurando a chave vai acabar.
Ela terá um localizador.
Muito brevemente, você vai comprar um projeto na internet e ele vai ser manufaturado a alguns quarteirões da sua casa, em um conceito novo da indústria aditiva. Cada molécula que compõe o produto final será impresso em um tipo de impressora 3D"
Hoje já temos vários sinais disso, não é mesmo?
É completamente diferente, as coisas que estarão ao nosso redor. A sua roupa vai ter componentes
nanotecnológicos que vão cumprir uma série de funções biométricas. Você vai poder medir
temperatura. Pacientes críticos, com problemas de saúde crônicos, vão ter o atendimento médico
em tempo real, medindo os parâmetros de saúde dele. É óbvio que esses recursos vão chegar aos
pacientes mais críticos primeiro, mas vai ficar tão barato que todo mundo terá acesso em algum
momento.
É sensato falarmos que essa revolução poderia alçar o Brasil à qualidade de uma potência
mundial nas próximas décadas?
Não. Nada indica isso. Não se nós mantivermos a mesma participação. Temos desafios grandes.
Existirá uma forte integração, a de um conjunto de atividades humanas: saúde, energia, bens de
consumo, mobilidade urbana, agricultura. Tudo isso integrado a esse mundo ciber-físico, com
fortes esquemas de automação. Nós fizemos uma grande revolução industrial no século 20, que era
a produção em massa. No fim do século, tivemos o modelo de customização. Agora, vamos fazer um
modelo de customização absoluta. Hoje, compramos um produto que em geral é manufaturado na
China. Muito brevemente, você vai comprar um projeto na internet e ele vai ser manufaturado a
alguns quarteirões da sua casa, em um conceito novo da indústria aditiva. Cada molécula que
compõe o produto final será impresso em um tipo de impressora 3D.
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