
Agentes do mercado financeiro acreditam em um avanço maior do produto interno bruto (PIB) em 2025 e 2026. É o que mostra o Boletim Focus desta segunda-feira (14/4). De acordo com os dados publicados pelo Banco Central, a mediana das previsões para o crescimento econômico nos 12 meses deste ano passou de 1,97%, há sete dias, para 1,98% nesta semana. Ao mesmo tempo, a previsão para 2026 teve uma leve mudança, de 1,6% para 1,61%.
Apesar de elevar a expectativa do PIB para mais perto de 2%, o mercado manteve a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5,65%, bem acima do teto da meta para o ano, que é de 4,5%. Na avaliação do analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, essa manutenção mostra que as expectativas seguem desancoradas, o que tende a manter os juros altos por mais tempo, além de pressionar ainda mais a curva de juros.
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“Esse cenário afeta diretamente o mercado: reduz o apetite por ativos de risco, penaliza ações de crescimento e exige posturas mais defensivas dos investidores. O câmbio um pouco mais estável não muda o pano de fundo fiscal frágil e a incerteza externa. O mercado deve seguir com muita volatilidade, esperando mais sinais de tração da política monetária sobre a inflação antes de ajustar suas apostas”, avalia Lima.
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Para o analista e sócio da Equus Capital, Felipe Uchida, a projeção elevada para o IPCA alinhado com o PIB abaixo de 2% revela um ambiente econômico desafiador: “Sem espaço para estímulos monetários relevantes, o consumo tende a enfraquecer e os investimentos privados continuam represados”.
“O câmbio relativamente estável, apesar de suavizar impactos externos, não corrige o desequilíbrio fiscal interno, que segue como a principal âncora negativa para a economia brasileira atualmente”, completa o especialista.
Selic e câmbio
Além da inflação, os agentes do mercado financeiro mantiveram as perspectivas para a taxa de juros e para o dólar ao fim do ano. Em 2025, a expectativa é de que a Selic encerre o período ainda em patamar bastante elevado, aos 15% anuais. Já o câmbio deve permanecer abaixo, porém próximo, a R$ 6, com o mercado projetando uma cotação de R$ 5,90 no fim de dezembro.
“O Banco Central deve continuar acompanhando cada dado para as próximas decisões sobre os juros, mas o que podemos prever até o momento, como até mesmo previamente sinalizado pelo BC, é de que os juros ainda devem aumentar. Ou seja, o dinheiro vai continuar caro. Para quem trabalha com crédito de alto valor, isso significa mais cautela, mais estratégia para as empresas para que continuem competitivas ainda que em um cenário mais desafiante", destaca Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.