O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira (12/3) que “não dá mais para afastar as decisões do governo em relação às despesas”. Para o deputado, é preciso reduzir gastos em meio a um cenário econômico desfavorável, com alta nos juros e um cenário externo instável.
Motta comentou ainda que, apesar da disposição para o diálogo, o Congresso Nacional não abre mão de suas competências constitucionais, e que vai continuar barrando decisões do Executivo com as quais o parlamento não concorde.
“Nós temos que ter um diálogo franco com o governo, colocar que não dá mais para afastar as decisões do governo da responsabilidade em relação às despesas, aos gastos públicos”, disse Motta durante a abertura do Brasil Summit, evento realizado pelo Lide e pelo Correio Braziliense.
“Não será possível promover uma política de evolução social com a taxa de juros descontrolada, subindo a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), com o dólar batendo os valores que vem batendo, com o cenário econômico externo após a eleição do novo presidente americano (Donald Trump)”, acrescentou o deputado.
O presidente da Câmara discursou na abertura do Brasil Summit, que ocorre no Brasília Palace Hotel, e reúne líderes empresariais, autoridades e especialistas do setor econômico e transição energética, para debater as perspectivas para a economia do país.
Congresso não abre mão de suas competências
Motta também destacou o papel do Congresso Nacional que, apesar da disposição para o diálogo, não abre mão de suas competências.
“Muitas vezes agimos para conter uma ou outra decisão que nós entendemos não ser correta para o nosso país, e vamos continuar cumprindo esse papel”, disse o presidente da Câmara.
“Mesmo tendo essa disposição nossa de diálogo constante, nós temos a real noção de que a nossa Constituição tem que ser cumprida no que diz respeito à independência e à competência entre os Poderes”, acrescentou o parlamentar.
Motta citou que há um cenário econômico desafiador, apesar da política econômica defendida pelo governo federal, que contou com o apoio quase total do Congresso, para o deputado. Defendeu ainda que é preciso modernizar a relação do poder público com os novos modelos de trabalho, com mais informalidade, e isso deve ser feito com diálogo.
“Eu penso que a agenda que o povo brasileiro quer não é mais uma agenda de radicalismos, de enfrentamentos vazios, quando na realidade o tempo está passando e nós temos que colocar o Brasil onde ele tem que estar, que é discutindo o que realmente importa”, enfatizou.
Segurança pública é prioridade
Outro tema citado como prioridade por Motta é a segurança pública. O governo prepara uma proposta de emenda à Constituição (PEC), ainda não enviada ao Congresso, que aumenta os poderes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, além de aumentar a participação da gestão federal na segurança — hoje a cargo dos estados e municípios.
Motta não citou o texto da PEC da Segurança, mas defendeu a atuação conjunta contra o crime. “Nós não acompanhamos o enfrentamento às facções. As nossas polícias, as nossas fronteiras, precisam ser olhadas de forma diferente, havendo um grande projeto de integração nacional”, defendeu o presidente da Câmara.
“É preciso que se trate isso como questão de Estado, sob pena de perdemos as próximas gerações para um país que vem sendo dominado pelas facções criminosas”, acrescentou.
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