
O mercado brasileiro repercutiu a percepção negativa do exterior no último dia da semana. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) fechou em queda de 0,94%, aos 131.902 pontos, nesta sexta-feira (28/3), com a maioria das ações encerrando o dia no vermelho. Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 0,33%.
O índice chegou a bater a mínima de 131.315 pontos ao longo do dia, mas conseguiu recuperar parte das perdas após a divulgação dos resultados do Caged, que apontaram um crescimento de 432 mil novas vagas com carteira assinada em fevereiro. O número é recorde para um mês em toda a série histórica do indicador divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O especialista em Mercado Financeiro Felipe Sant’anna avalia que a sessão de hoje pode ser dividida em "antes e depois do Caged". No entanto, apesar de os dados do Caged sinalizarem um resultado muito positivo para o mercado de trabalho, a euforia durou pouco e as vendas de ações logo voltaram a ficar mais fortes no fim da tarde.
"Então, na primeira hora da manhã houve muita venda, na hora do Caged, uma recuperação, e passada a euforia do Caged, os investidores retomaram a venda. Foi apenas um movimento de busca de liquidez", destaca o especialista.
Mesmo assim, a bolsa voltou a cair no fim do pregão e fechou a sessão novamente abaixo dos 131 mil pontos. As ações da Vamos Locação (VAMO3) tiveram a maior queda no dia, com resultado negativo de 8,73%, seguida por Pão de Açúcar (PCAR3) (-5,24%) e Automob (AMOB3) (-3,85%).
A queda da bolsa no Brasil não ocorreu de maneira isolada. Nos EUA, os principais índices fecharam em queda forte mais uma vez, com os investidores apreensivos após um dos indicadores de inflação apontarem um aumento maior dos preços no país. Além disso, o mercado norte-americano segue avesso ao risco diante da proximidade de 2 de abril, quando novas tarifas devem ser anunciadas pelo presidente Donald Trump.
O especialista em investimentos da Nomad Bruno Shahini ressalta que outros dados econômicos ainda despertam preocupação do investidor nos EUA, especialmente os relacionados à confiança do consumidor norte-americano e às expectativas de inflação de longo prazo. "Esses fatores contribuíram para piora do sentimento de mercado, intensificando o receio de um cenário de desaceleração econômica combinado com inflação elevada nos Estados Unidos", avalia.
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Diante desse cenário, o índice Dow Jones fechou em queda de 1,69%, enquanto que Nasdaq e S&P 500 encerraram o pregão com baixas de 2,7% e 1,97%, respectivamente. "Diante de um cenário externo adverso, observamos investidores buscando proteção em ativos considerados 'porto seguros' como ouro e títulos do tesouro americano", acrescentou Shahini.
Enquanto isso, o dólar fechou o dia em leve alta de 0,13%, o que representa o terceiro aumento consecutivo da divisa norte-americana ante o real. O movimento vai na direção contrária às principais moedas do mundo, que ficaram mais valorizadas no último dia desta semana, visto que o Índice DXY, que mede a força do dólar no exterior, teve queda de 0,29%.