
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou a primeira queda para um mês em um ano, de acordo com os dados publicados nesta sexta-feira (28/3), pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em março, o resultado da inflação que serve como base para definir os preços dos aluguéis foi negativo em 0,34%. A última vez em que houve deflação neste índice foi exatamente no mês de março de 2024, quando a queda foi de 0,47%.
Apesar do resultado, o IGP-M ainda acumula alta de 0,99% em 2025 e de 8,58% nos últimos 12 meses. Há um ano, quando o mesmo índice registrou deflação em março, o resultado acumulado era de apenas 4,26% nos 12 meses anteriores.
A queda deste mês de março foi influenciada principalmente pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), um dos indicadores que compõem a inflação geral. Na pesquisa divulgada hoje, o IPA registrou queda de 0,73%, recuperando parte da alta de 1,17% obtida no mês anterior.
“No IPA, a principal contribuição para a queda do IGP-M veio do minério de ferro, que registrou recuo nos preços diante de um cenário de preocupações com a guerra comercial”, avalia o economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Matheus Dias.
Os outros indicadores, no entanto, tiveram alta no mesmo período, apesar de registrarem avanços menores em relação a fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou taxa de 0,8% no mês, enquanto que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,38%.
O economista Benito Salomão ressalta que o IGP-M contempla preços externos e, em grande medida, absorve flutuações do câmbio. Diante disso, a inflação dos aluguéis tende a ser sempre mais volátil em relação ao IPCA, de acordo com o especialista.
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“Essa queda observada em março pegou o movimento da apreciação do câmbio em curso desde o início do ano. Enquanto o acumulado contempla as depreciações observadas em 2024, particularmente o choque cambial do final do ano”, avalia.
Salomão ainda considera que já não há razões para que o IGP-M, que vem demonstrando um comportamento bastante volátil, seja o indexador oficial para os aluguéis. “Não há nenhuma razão objetiva para que um índice atrelado a preços que respondem a flutuações do câmbio balizem os aluguéis no Brasil”, opinou.