BANCO CENTRAL

Galípolo diz que incertezas sobre EUA é um dos assuntos que mais incomoda o BC

Política tarifária agressiva e guerra comercial podem já ter impacto na inflação brasileira, avalia banco

O presidente do BC lembrou que a economia global que passou por dois choques de oferta recentes, tanto na pandemia de Covid-19, quanto pela guerra na Ucrânia, e que a política protecionista de Trump, com a imposição de tarifas, pode produzir um novo choque de oferta, mas diferente dos choques tradicionais. -  (crédito: Raphael Ribeiro/BC )
x
O presidente do BC lembrou que a economia global que passou por dois choques de oferta recentes, tanto na pandemia de Covid-19, quanto pela guerra na Ucrânia, e que a política protecionista de Trump, com a imposição de tarifas, pode produzir um novo choque de oferta, mas diferente dos choques tradicionais. - (crédito: Raphael Ribeiro/BC )

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o ambiente de incertezas globais intensificado no governo do presidente dos EUA, Donald Trump, é um dos assuntos que mais incomodam o Banco Central e que a autoridade monetária ainda busca entender qual deve ser a trajetória da curva de oferta no mundo inteiro diante de uma iminente guerra comercial. 

“Acho que os EUA assumiram contornos mais complexos. Esse é, provavelmente, um dos temas que mais nos incomodam hoje, enquanto as expectativas estão desancoradas aqui”, disse Galípolo, durante entrevista coletiva após o lançamento do Relatório de Política Monetária, nesta quinta-feira (27/3). 

O presidente do BC lembrou que a economia global que passou por dois choques de oferta recentes, tanto na pandemia de covid-19, quanto pela guerra na Ucrânia, e que a política protecionista de Trump, com a imposição de tarifas, pode produzir um novo choque de oferta, diferente dos choques tradicionais.

“Nós estamos aqui tentando entender para onde se desloca a curva de oferta a partir de você ter a aplicação desse choque de oferta”, considerou, ainda, o chefe da política monetária. “A gente já tinha no nosso cenário e no nosso balanço de risco um pouco desses impactos do cenário internacional e é um risco que parece ter se materializado parcialmente do que se imaginava na conta do mercado do que poderia ser os efeitos desse choque tarifário”, acrescentou. 

No relatório publicado nesta quinta-feira, o BC considera que os riscos e as incertezas para as economias emergentes aumentaram com o anúncio da implementação de tarifas comerciais pelos EUA. De acordo com o documento, a autoridade monetária avalia que essas tarifas devem afetar negativamente o comércio e a atividade na região, embora ainda seja difícil mensurar a dimensão dos impactos neste momento.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Diogo Guillen, disse, durante a entrevista, que o BC já começa a ver uma materialização dos possíveis riscos, mesmo que parcialmente. Segundo ele, a própria incerteza já causa um impacto econômico relevante, com uma maior retração econômica, exemplificou.

“O fato é que você pode ter um cenário que seja de maior inflação e de menor crescimento, ao mesmo tempo, e é mais desafiador para a política monetária cenários como esse”, pontuou. 

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Raphael Pati
postado em 27/03/2025 20:50