
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (19/3) aumentar a Taxa Selic para 14,25%. A medida marca a quinta alta seguida da taxa básica de juros, que é a principal mecanismo para controlar a inflação, e também registra a elevação de 1 ponto percentual. Para diversos analistas, a Selic pode chegar em 15% ao ano até dezembro.
Segundo Renan Diego, consultor financeiro e especialista em investimentos, o aumento dos juros influencia na forma de consumo entre os brasileiros e nos investimentos de empresas. "A mudança da intenção de consumo dos brasileiros é uma das principais consequências da alta da Taxa Selic. Isso porque há uma diminuição da compra de itens que não são considerados como essenciais, já que a maioria do público prioriza comprar e pagar o que é considerado essencial, como alimentos, medicamentos, além de realizar a quitação de contas de luz, aluguel e gás. O cenário não é só negativo para o bolso da população, mas como também para a economia nacional que não terá um bom movimento ao longo dos próximos meses”, explica o consultor financeiro.
A taxa básica de juros é a principal mecanismo para controlar a inflação, realizado pelo Banco Central (BC). A Selic é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), sendo um modelo de referência para outras taxas da economia. Realizada pelo Copom, o aumento da taxa Selic tem o objetivo de contar a demanda aquecida. A decisão gera consequências nos preços já que os juros mais altos encarecem o crédito, estimulando a poupança. Dessa maneira, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Para Renan Diego, a organização financeira se torna fundamental durante o período de juros altos, dessa forma, o endividamento pode ser evitado. Isso porque muitos brasileiros tendem a buscar por créditos para pagar contas essenciais ou para emergências que surgem durante o dia a dia. Para Renan, o risco do aumento de inadimplência no país é maior em decorrência pelo custo das linhas de crédito e pelo aumento das buscas por empréstimos.
"A taxa também influencia na decisão de instituições bancárias. O veredito tomado pelo Copom faz com que os bancos acompanhem o aumento da Selic e repassem esse custo para o público, por isso, as parcelas dos cartões de créditos terão consequências nos juros de atraso de pagamento e também nos juros de cheque especial. Já quem está fazendo o financiamento de imóveis ou de veículos perceberá uma mudança nas parcelas, elas tendem a ficar mais caras pelos próximos meses", afirma Renan.
O impacto para empresas e investidores
"Muitos podem acreditar que as consequências só serão vistas no hábito de consumo dos brasileiros, porém, a Taxa Selic também influencia na performance de grandes e pequenas empresas. Muitos empresários podem evitar a iniciar ou participar de novos projetos. Muitas empresas que pretendiam expandir o seu negócio, irão se deparar com a alta dos créditos para realizar esse movimento e dar um passo para trás. Em contrapartida, quem investe na renda variável, como fundos imobiliários, commodities, câmbio e ações terão o efeito de desvalorização", Renan enfatiza.
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O especialista em investimentos também explica o aumento também pode ser favorável para quem possui aplicações em certos capitais no mercado, isso o aumento da Selic beneficia os investimentos de renda fixa, por exemplo, isso porque a remuneração é baseada nos juros. Entre os principais que podem colher frutos dessa alta, estão o Tesouro Selic, LCA, CDB, LCI, e Tesouro IPCA+.