
Empenhado em melhorar sua imagem perante a opinião pública e aprovar a pauta econômica no Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma verdadeira maratona de entrevistas e eventos ontem, na defesa de temas, como o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil e o equilíbrio fiscal. Em todas as aparições, ele falou que a alteração no IR busca a justiça tributária e, por isso, não tem dúvida de que será aprovado.
"Tenho certeza de que, mesmo a extrema-direita não terá argumento para não aprovar essa medida. Não consigo enxergar alguém subir na tribuna e justificar a cobrança de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil", declarou, logo cedo, no programa Bom Dia, Ministro, da TV Brasil. Repetiu o discurso, mais tarde, em um encontro na sede do Partido dos Trabalhadores (PT), depois, em conversa com jornalistas, na saída do encontro com os petistas e, por último, em uma entrevista à TV GloboNews.
Na entrevista, Haddad destacou que a proposta não é "nenhuma revolução" e fez a defesa da taxação dos mais ricos. "Nós estamos propondo que um super-rico pague uma alíquota média igual à do professor de escola pública. Se ele não conseguir entender que ele tem que pagar uma alíquota igual a do professor de escola pública, que ganha R$ 5 mil e deixa R$ 500, aí fica muito difícil, dá a impressão de que esse país não vai mudar nunca", disse.
Outro ponto abordado pelo ministro foi a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira, que apontou um aumento da avaliação negativa do mercado financeiro sobre sua gestão. O levantamento mostrou que 58% dos investidores reprovam o trabalho do ministro, enquanto apenas 10% aprovam. Haddad desqualificou os números, afirmando se tratar de um levantamento limitado. "Dizer que isso é pesquisa é dar um nome muito pomposo para uma coisa que deve ter sido feita em 15 minutos, em um bairro", criticou.
Ele também minimizou os impactos das avaliações negativas. "Quem está na vida pública sabe dos altos e baixos. Consertar um país é difícil. Estamos em uma crise institucional e política desde 2013", disse. à GloboNews, ele afirmou que a política econômica não pode visar apenas para o mercado, mas se disse amigo do mercado. "Sou amigo desse pessoal porque eu não tenho inimigos. Eu acho todo mundo bacana, eu converso com todo mundo", disse.
Crédito CLT
Na sede do PT, onde se encontrou com o presidente do partido, senador Humberto Costa (PT-PE), Haddad tratou ainda do novo programa de crédito consignado para trabalhadores formais, lançado na semana passada. O objetivo é oferecer alternativas de crédito a juros mais baixos e reduzir o superendividamento da população. "Crédito pessoal sempre foi muito caro no Brasil, mesmo quando o juro era baixo. Hoje, você tem cerca de R$ 86 bilhões emprestados a taxas exorbitantes. Se o trabalhador pode administrar sua carteira com um juro razoável, ele evita o superendividamento", explicou.
O novo consignado está disponível na Carteira de Trabalho Digital e aplicativos de celular. O desconto será feito diretamente na folha de pagamento, o que pode permitir taxas menores do que as atualmente praticadas no mercado. "O que superendivida as famílias não é só a dívida, mas o juro. Se criarmos concorrência, podemos oferecer melhores condições", disse.
Na agenda do ministro, hoje, às 18h, está prevista entrevista ao podcast Inteligência Ltda.