
Diante de um cenário internacional marcado por incertezas e mudanças abruptas, o Brasil precisa redefinir suas estratégias econômicas para enfrentar desafios e, ao mesmo tempo, aproveitar oportunidades. Essa foi a principal mensagem transmitida pelo presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, nesta quarta-feira (12/3) durante o Brasil Summit, evento realizado pelo Lide e pelo Correio Braziliense.
Segundo ele, o mundo vive uma "forte, senão dramática deterioração das expectativas", impulsionada, sobretudo, por transformações na geopolítica e na economia global. Para o Brasil, que não opera em isolamento, entender e reagir a essas mudanças é essencial para garantir estabilidade e crescimento.
Um dos principais pontos abordados por Sidney foi a mudança no equilíbrio de poder global, especialmente após a posse do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o líder da Febraban, "não é mais aquela boa e sadia liderança compartilhada entre os aliados ocidentais", mas sim um modelo mais individualista e protecionista.
Na opinião de Isaac Sidney, a política comercial adotada pelos EUA, marcada por tarifas e restrições, gera impactos significativos para países exportadores, como o Brasil. O executivo alerta para "uma forte redução dos fluxos comerciais, mais pressões inflacionárias e a volta de acordos apenas bilaterais", o que pode fragmentar cadeias globais de suprimentos e dificultar a competitividade internacional.
Além disso, ele aponta que a política fiscal americana, que combina cortes agressivos de impostos e aumento de gastos, pode levar a um agravamento do quadro fiscal dos EUA. Isso influenciaria a política monetária do Federal Reserve (Fed), impactando diretamente as taxas de juros globais e, consequentemente, o fluxo de capitais para países emergentes.
Brasil: riscos e oportunidades
O presidente da Febraban ressaltou ainda que, no contexto brasileiro, os desafios são grandes, mas há também espaço para oportunidades. Apesar do ambiente externo adverso, o país ainda mantém uma posição relativamente sólida. No entanto, como alerta Sidney, "não podemos abusar da sorte".
O Brasil precisa fortalecer sua economia para enfrentar a volatilidade dos mercados e possíveis impactos negativos da nova política comercial americana. Isso envolve melhorar a estrutura fiscal, avançar em reformas estruturais e aumentar a competitividade do setor produtivo.
O executivo também destacou que "é preciso saber navegar nesses mares bravios" e que, mesmo diante de um cenário turbulento, existem oportunidades a serem aproveitadas. Momentos de crise muitas vezes geram chances de crescimento para economias preparadas, e o Brasil deve buscar formas de fortalecer sua posição global.
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Segundo o presidente da Febraban, o cenário econômico mundial impõe desafios consideráveis para o Brasil, mas também abre espaço para ações estratégicas que possam minimizar riscos e impulsionar oportunidades. Diante de um "mar revolto", enfatizou Sidney, o país precisa reforçar sua embarcação e seguir um rumo claro para garantir estabilidade e crescimento sustentável.
O Brasil Summit, que ocorre no Brasília Palace Hotel, reúne líderes empresariais, autoridades e especialistas do setor econômico e transição energética, para debater as perspectivas para a economia do país.
Assista ao evento: