
Ao ser questionado a respeito do grau de abertura que teria junto ao Executivo, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (12/2) que tem tido “espaço e voz” junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Tenho tido espaço e voz para poder falar sobre o que eu imagino que vá acontecer com o mercado, tentar traduzir e explicar por que isso está acontecendo. Me sinto absolutamente contemplado para isso”, disse em seminário promovido pelo Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG), no Rio de Janeiro.
Mais cedo, Lula fez elogios ao economista e disse que o presidente do BC precisa de “tempo” para “consertar os juros” no país. “Eu tenho certeza que o Gabriel Galípolo vai consertar a taxa de juros neste país e nós só temos que dar a ele o tempo necessário para fazer as coisas”, disse em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá.
O chefe do Executivo reconheceu que o presidente da autoridade monetária não pode “entrar e dar um cavalo de pau”. “É preciso que vá com cuidado para que a gente não dê uma trombada. Possivelmente, o Galípolo passará para a história como o melhor presidente que o Banco Central já teve”, comentou.
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O petista também voltou a atribuir o atual patamar elevado da taxa básica de juros ao ex-presidente do BC Roberto Campos Neto. “Eu acho que o Roberto Campos, na verdade, foi um cidadão que teve um comportamento muito anti-Brasil no Banco Central. Ele era um cara que falava mal do Brasil o tempo inteiro, passava descrédito para os empresários, inclusive no exterior, e ele foi se comprometendo e foi aumentando cada vez mais a taxa de juros”, criticou.
Longe da meta
Galípolo, por sua vez, destacou que a perspectiva é de que a inflação siga fora da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com intervalo de tolerância de até 4,5%. “Devemos passar por um momento desconfortável para as empresas e famílias. A inflação deve seguir o patamar desconfortável fora da meta, repercutindo os eventos do passado, e espera que a política monetária vá fazendo efeito gradativamente”, disse.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em janeiro, o colegiado subiu a taxa de juros para 13,25%. A autoridade monetária sinalizou ainda, em comunicado, que deve fazer um aumento de 1 ponto percentual na Selic no próximo encontro, previsto para março.
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Segundo o chefe do BC, é preciso ter "parcimônia" na observação de dados econômicos, que definirão o patamar dos juros. “Se o Banco Central deve ser mais agressivo no momento de altas, deve ser mais parcimonioso e cauteloso no momento de fazer qualquer movimento para baixo”, destacou.