A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou ofícios à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nesta quarta-feira (18/12), que solicitam a instauração de procedimentos policial e administrativo, respectivamente, com o objetivo de apurar a divulgação de declarações falsas atribuídas ao diretor de Política Monetária do Banco Central e indicado para a presidência do BC, Gabriel Galípolo.
No ofício enviado aos dois órgãos de atuação federal, a AGU indica que as investigações devem comprovar se houve crimes contra o mercado de capitais com a veiculação das fake news. A Advocacia-Geral foi acionada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), por meio da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD).
No levantamento feito pela Secom, foram identificadas postagens com conteúdo falso a respeito de Galípolo desde a última terça-feira (17/12). Segundo a AGU, as informações enganosas teriam levado o dólar a atingir R$ 6,20 durante o dia, apesar de ter recuado no fechamento para R$ 6,09.
O próprio Banco Central, ainda, desmentiu as postagens logo após ter ciência delas. No entanto, isso não foi suficiente para evitar o compartilhamento massivo da informação enganosa. O perfil que compartilhou originalmente os conteúdos tinha apenas 3,5 mil seguidores pouco antes de ser apagado.
Mesmo com um baixo número de seguidores, conseguiu ter a atenção de influenciadores e analistas econômicos, que replicaram a informação. Uma das contas que publicou a fake news tem mais de 100 mil seguidores.
No ofício, com base em informações da Secom, a PNDD afirma que a desinformação comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial, ao interferir diretamente na percepção do mercado, o que evidencia um alto potencial lesivo de boatos em contextos como esse.
“Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais”, detalha trecho do documento.
Galípolo foi indicado no último mês de setembro para assumir a presidência do Banco Central. Ele substituirá o atual chefe do BC, Roberto Campos Neto, no cargo desde 2019. A posse do novo presidente deve ocorrer em janeiro de 2025.