Em um cenário global marcado por pressões climáticas, crescimento populacional e tensões geopolíticas, o presidente do Instituto CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Roberto Brant, destacou a urgência de debater os impactos ambientais da agricultura e a necessidade de soluções inovadoras para equilibrar produção e preservação, durante um pós-painel no seminário CB.Debate — Desafios 2025: o futuro do Brasil em pauta, na tarde desta terça-feira (17/12).
“O que me foi proposto foi falar sobre o futuro, mas eu estou percebendo, pelo conjunto dos ciclos, que a preocupação é maior com o futuro imediato”, alertou. Brant enfatizou que a agricultura, por sua natureza, é um processo que evolui mais lentamente em comparação a outros setores econômicos. E, no entanto, vive hoje sob “intenso estresse”, derivado de três principais fontes: conflitos internacionais, mudanças climáticas e o embate entre produção agrícola e meio ambiente.
Segundo ele, a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe um impacto imediato à oferta global de grãos, uma vez que esses países exportam volumes suficientes para alimentar 400 milhões de pessoas. Contudo, o estresse mais profundo e estrutural vem das mudanças climáticas. “As mudanças climáticas estão produzindo efeitos variados e recorrentes em todos os grandes produtores agrícolas do mundo”, declarou. A consequência direta é o encarecimento dos alimentos, um fenômeno global que afeta tanto países desenvolvidos quanto os mais vulneráveis.
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Além disso, Brant ressaltou que para alimentar os 10 bilhões de habitantes previstos para 2050, a produção de alimentos precisará crescer cerca de 50%, enquanto os recursos naturais, como a terra arável, estão no limite. “Se mantidos os atuais níveis de produtividade, só para atingir essa produção seria necessário devastar florestas do tamanho de 12 vezes o estado da Califórnia”, alertou, classificando a perspectiva como uma “catástrofe insustentável”.
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