EXPORTAÇÃO

Brasil bate recorde de exportação de café em 2024 com a venda de 46,4 milhões de sacas

Crescimento foi impulsionado pela demanda internacional, com o aumento do consumo de café no exterior

Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) publicou nesta segunda-feira (9/12) o relatório estatístico mensal em que informa que o Brasil alcançou um marco histórico de exportação de café: foram 46,4 milhões de sacas de 60kg vendidos no exterior. O feito foi alcançado ainda em novembro, uma vez que o fechamento do balanço de dezembro só é divulgado em janeiro próximo.

O recorde supera em 3,78% a última marca registrada até então, em 2020, quando o volume de exportações foi de 44,70 milhões de sacas nos 12 meses do ano. O crescimento frente ao período de janeiro a novembro de 2023 foi superior a 30%. 

Em novembro, foram exportadas 4,66 milhões de sacas de café de 60kg. Segundo os dados divulgados, o crescimento foi de 5,4% se comparado com novembro de 2023, o crescimento foi de 5,4%. Com relação à lucratividade, o aumento foi ainda mais proeminente. Por conta do aumento do dólar, a receita cambial chegou a US$ 1,34 bilhão (aproximadamente R$ 8,15 bilhões), 62,7% maior do que os US$ 825,7 milhões (cerca de R$ 5,01 bilhões) registrados neste mesmo período do ano passado. 

 

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria da Café (Abic), Pavel Cardoso, os dados divulgados pelo Cecafé demonstram o vigor que as exportações brasileiras atingiram em 2024. Segundo ele, o país deve fechar o ano com uma exportação próxima a 50 milhões de sacas de café.

Apesar do marco histórico, a logística portuária tem apresentado empecilhos para os exportadores. O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, explica que os entraves logísticos nos portos brasileiros demandaram gastos extras para armazenamentos, detentions, pré-stacking e antecipação de gates, o que gerou um "prejuízo portuário" acumulado de R$ 7 milhões em outubro.

"Ao analisarmos a performance das exportações brasileiras de café, na teoria, teríamos motivos somente para comemorar, mas a realidade é um pouco mais cruel. Esse desempenho recorde ocorre devido ao profissionalismo e à criatividade dos exportadores associados ao Cecafé, que buscaram alternativas, como o embarque via break bulk, e vêm arcando com milionários gastos adicionais em seus processos de exportação devido à falta de infraestrutura, especialmente nos portos brasileiros, para honrarem os compromissos com os clientes internacionais dos cafés do Brasil", afirmou.

 

O maior importador de café brasileiro são os Estados Unidos, com 7,41 milhões de sacas importadas até novembro deste ano. Em segundo lugar, vem a Alemanha, que apresentou um crescimento expressivo no consumo do café, aumentando a importação em 63,4%, com 7,22 milhões de sacas compradas. A Bélgica ocupa o terceiro lugar, com 4,07 milhões de sacas importadas, seguida da Itália, com 3,70 milhões, e o Japão, com 2,05 milhões.

Mercado interno

Assim como no exterior, a procura por café entre os consumidores brasileiros também aumentou. "A indústria nacional segue com o consumo acima de 1,1% nos primeiros nove meses do ano contra o mesmo período do ano passado. E, uma vez confirmado com o fechamento do ano esse percentual de crescimento, nós atingiremos o consumo nacional de 22 milhões de sacas de café", anunciou o presidente da Abic.

A má notícia é que o preço do café das prateleiras dos mercados pelo Brasil deve continuar crescendo. A alta dos preços deve ser sentida principalmente em janeiro de 2025 de acordo com Pavel Cardoso. O presidente da Abic conta que o baixo estoque e as previsões de produtividade não são suficientes para suprir a demanda nacional e internacional, realidade que, segundo ele, deve permanecer até o segundo semestre do próximo ano, quando começa a nova safra.

"E esse é o motivo do preço do café ter aumentado bastante ao longo desses últimos meses e ter previsões de aumentos maiores ainda nas próximas semanas e, mais vigorosamente, a partir de janeiro. As indústrias já fazem esses repasses pela saúde dos seus negócios", revelou Pavel Cardoso. Ele argumenta que, com o crescimento exponencial da demanda por esta matéria-prima, a indústria nacional acaba por repassar os custos ao consumidor final, "para manter o vigor desses negócios".

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