A recente decisão da China de proibir a exportação de materiais estratégicos (como gálio, germânio, antimônio e grafite) para os Estados Unidos representa uma escalada nas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. A medida, anunciada nesta terça-feira (3/12), é uma resposta às restrições americanas ao acesso de componentes tecnológicos por parte da China e deve ter desdobramentos globais, inclusive para o Brasil.
Um relatório do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estima que o bloqueio chinês pode gerar um impacto econômico de até US$ 3,4 bilhões nos EUA, mas as repercussões podem ir muito além do território americano.
Embora o Brasil não seja um grande exportador de metais estratégicos como os mencionados, o aumento do custo de produtos eletrônicos importados dos Estados Unidos e da China pode afetar diretamente consumidores e empresas brasileiras.
“Essa decisão da China pode ter impactos significativos. Primeiro, a restrição tende a aumentar o custo de produtos eletrônicos fabricados nos EUA, como chips de computador, painéis solares, equipamentos de telecomunicação e veículos elétricos. Para o Brasil, isso significa que os produtos americanos importados, como laptops, smartphones e outros dispositivos tecnológicos, provavelmente ficarão mais caros”, explicou o economista Edson Agatti, diretor executivo da Hayek Global College.
Além disso, Agatti destaca que o Brasil não possui uma indústria relevante na exportação de metais estratégicos, exceto pelo aço, o que limita a possibilidade de ganhos diretos com o redirecionamento da demanda americana. “O principal impacto para o Brasil será o aumento do custo de produtos tecnológicos vindos dos EUA, o que pode afetar consumidores e empresas que dependem desses itens”, completou.
Apesar dos desafios, a nova dinâmica comercial também pode abrir oportunidades para o Brasil, especialmente no fornecimento de commodities e outros produtos para os EUA. “Temos duas formas de ver isso. A primeira é lamentar que os EUA aumentem tarifas em mercados como carne, aço e ferro. A outra é enxergar a situação como uma chance: com as barreiras tarifárias subindo para a China, o Brasil pode se posicionar como um fornecedor alternativo para os EUA”, avaliou o economista e analista Dema Oliveira.
Ele destaca a importância de uma diplomacia comercial estratégica neste momento. “Ao mesmo tempo que os EUA elevam barreiras à China, o Brasil deve olhar para essas mudanças como uma oportunidade de fortalecer laços econômicos”.
A proibição chinesa ocorre um dia após os EUA anunciarem novas restrições ao acesso da China a componentes vitais para a produção de chips e tecnologias de inteligência artificial. As limitações americanas incluem controles mais rígidos sobre chips de memória de alta largura de banda e equipamentos de fabricação de semicondutores.
*Estagiária sob a supervisão de Ronayre Nunes
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