Programa de venda de títulos públicos a cidadãos, o Tesouro Direto paralisou, nesta quinta-feira (19/12), as operações de venda de ativos corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo + um prêmio de risco (IPCA+). Esses ativos são classificados pelo mercado como "títulos de risco".
Até às 17h desta quinta, o Tesouro negocia apenas títulos fixados na taxa básica de juros. Antes da suspensão, alguns títulos — como o Tesouro IPCA+ — chegou a pagar 8,25% ao ano, com vencimento em 2028. Uma das explicações para a suspensão de negociações de dívidas do Tesouro baseadas em IPCA+ é a de aumento da percepção de risco.
Segundo o economista André Sacconato, o fato de haver uma desconfiança dos investidores em relação à política fiscal do governo faz com que, na avaliação do mercado, aumente o risco no pagamento da dívida emitida por meio de título público.
"Os títulos públicos têm uma remuneração baseada na Selic e outra parte baseada em risco. Esse risco sobe demais e isso faz com que suba a taxa de juros (o prêmio de risco associado ao IPCA)", explicou o professor, que é professor do MBA em economia da Universidade de São Paulo e especialista em cenário macroeconômico nacional e internacional.
Nesse contexto, em que há uma forte demandas por mais juros no prêmio de risco, o Tesouro Direto para de realizar as negociações "propositalmente". "Isso é feito para que os riscos se diluam", continuou.
"Essas paradas, basicamente, refletem um mercado que não confia no governo, além de elevar os riscos e pedir um juros muito maior do que o governo poderia pagar. Isso faz com que os preços dos títulos subam demais", finalizou o especialista em cenário macroeconômico nacional e internacional.