O momento atual não alimenta muitas esperanças em relação às negociações para enfrentar as mudanças decorrentes do aquecimento global, o que aumenta a responsabilidade de governos, organismos multilaterais e sociedade civil na busca de consensos que, efetivamente, enfrentem a questão da emergência climática. Para a líder de estratégia internacional da organização não governamental WWF-Brasil, Tatiana Oliveira, o contexto geopolítico global está “conturbado” e interfere diretamente no processo de negociação da próxima Conferência do Clima das Nações Unida (COP30), que ocorrerá em Belém, no próximo ano.
Na avaliação da especialista, o multilateralismo vive uma crise de confiança que impede a construção de soluções negociadas de forma ampla. “A falta de confiança entre os países é o que impede os consensos”,disse Oliveira, no painel dedicado aos desafios da COP30, no evento CB.Debate — Desafios 2025: o futuro do Brasil em pauta, realizado nesta terça-feira (17/12), na sede do CorreioBraziliense.
- A preocupação é maior com o futuro imediato, afirma Roberto Brant
- Gilmar Mendes diz que "mudanças climáticas são um tema incontornável"
O fracasso das negociações sobre financiamento da transição energética e de medidas de mitigação dos efeitos da emergência climática na COP29, em Baku (capital do Azerbaijão), soa como alerta para o Brasil. Tatiana Oliveira ressaltou que a COP “é um processo”, não é só só um evento. Por isso, ela espera que o Brasil, nos próximos meses, exerça sua liderança global no sentido de buscar “ambições maiores” nas metas de contenção do aquecimento global e de emissão de carbono na atmosfera, mas não deixe de cobrar dos países desenvolvidos a responsabilidade de bancar as medidas necessárias para que o planeta — principalmente os países mais pobres — possa enfrentar a crise climática.
"Não há, hoje, definição clara sobre o que está sob o guarda-chuva do financiamento climático. O Norte global deve assumir a liderança desse financiamento", disse ela.
A representante do WWF-Brasil elencou alguns pontos que, na visão da ONG, devem ser priorizados nessa caminhada para Belém 2025, com destaque para a revisão dos “incentivos perversos” concedidos à indústria de petróleo e gás e o engajamento do agronegócio da solução do problema ambiental. “Os mercados globais estão exigindo isso”, alertou Oliveira. Ela também cobra do governo brasileiro a necessidade de “honrar a promessa de desmatamento zero.
Como representante do terceiro setor, a WWF-Brasil também aposta na força da participação social como instrumento de pressão para que governos e organizações multilaterais deixem o discuso de lado e partam para ações concretas. “Não temos mais tempo de errar”, declarou.
O evento Desafios 2025: o futuro do Brasil em pauta é realizado pela Arena Comunicação, com patrocínio da Brasal e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); e apoio de comunicação do Correio Braziliense.
Saiba Mais