CB.Debate

A preocupação é maior com o futuro imediato, afirma Roberto Brant

O presidente do Instituto CNA, Roberto Brant, enfatizou que a agricultura, por sua natureza, é um processo que evolui mais lentamente em comparação a outros setores econômicos

Brant: guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe um impacto imediato à oferta global de grãos -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
Brant: guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe um impacto imediato à oferta global de grãos - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

Em um cenário global marcado por pressões climáticas, crescimento populacional e tensões geopolíticas, o presidente do Instituto CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Roberto Brant, destacou a urgência de debater os impactos ambientais da agricultura e a necessidade de soluções inovadoras para equilibrar produção e preservação, durante um pós-painel no seminário CB.Debate — Desafios 2025: o futuro do Brasil em pauta, na tarde desta terça-feira (17/12).

“O que me foi proposto foi falar sobre o futuro, mas eu estou percebendo, pelo conjunto dos ciclos, que a preocupação é maior com o futuro imediato”, alertou. Brant enfatizou que a agricultura, por sua natureza, é um processo que evolui mais lentamente em comparação a outros setores econômicos. E, no entanto, vive hoje sob “intenso estresse”, derivado de três principais fontes: conflitos internacionais, mudanças climáticas e o embate entre produção agrícola e meio ambiente.

Segundo ele, a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe um impacto imediato à oferta global de grãos, uma vez que esses países exportam volumes suficientes para alimentar 400 milhões de pessoas. Contudo, o estresse mais profundo e estrutural vem das mudanças climáticas. “As mudanças climáticas estão produzindo efeitos variados e recorrentes em todos os grandes produtores agrícolas do mundo”, declarou. A consequência direta é o encarecimento dos alimentos, um fenômeno global que afeta tanto países desenvolvidos quanto os mais vulneráveis.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Além disso, Brant ressaltou que para alimentar os 10 bilhões de habitantes previstos para 2050, a produção de alimentos precisará crescer cerca de 50%, enquanto os recursos naturais, como a terra arável, estão no limite. “Se mantidos os atuais níveis de produtividade, só para atingir essa produção seria necessário devastar florestas do tamanho de 12 vezes o estado da Califórnia”, alertou, classificando a perspectiva como uma “catástrofe insustentável”.

Fernanda Strickland
postado em 17/12/2024 18:52 / atualizado em 17/12/2024 20:31
x