Mercado

Dólar abre em alta e chega a R$ 6,09, mas recua com leilão de dólares do BC

Com a intervenção da autoridade monetária, a cotação da moeda norte-americana voltou para R$ 6,05, mas a instabilidade no mercado permanece nesta segunda-feira (16/12)

A alta do dólar foi rapidamente contida por intervenção do BC, que realizou um leilão de dólares, aceitando 18 propostas em um total de US$ 1,627 bilhão -  (crédito: Freepik)
A alta do dólar foi rapidamente contida por intervenção do BC, que realizou um leilão de dólares, aceitando 18 propostas em um total de US$ 1,627 bilhão - (crédito: Freepik)

O dólar iniciou a semana com uma forte valorização, chegando a R$ 6,09 logo após a abertura do pregão nesta segunda-feira (16/12). Essa alta, porém, foi rapidamente contida pelo Banco Central, que realizou um leilão de dólares, aceitando 18 propostas em um total de US$ 1,627 bilhão. Com a intervenção, a cotação da moeda norte-americana voltou para R$ 6,05, mas a instabilidade no mercado financeiro permanece.

O cenário econômico doméstico segue repleto de incertezas. Uma das principais referências do mercado foi a divulgação do Boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras. Na última edição, os analistas revisaram suas previsões para 2024, apontando um aumento na projeção de inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, subiu de 4,84% para 4,89%, o que ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo governo, de 4,50%.

Além disso, a expectativa de aumento nos juros foi reforçada. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros para 12,25% ao ano, e indicou que há chances de um novo aumento no começo de 2025. Para os anos seguintes, o mercado prevê uma elevação da taxa de juros, com a projeção para 2025 subindo de 13,5% para 14%, e para 2026, de 11% para 11,25%. Tais expectativas impactam diretamente as projeções de crescimento do produto interno bruto (PIB), que para 2024 foi revisada de 3,39% para 3,42%.

O noticiário fiscal também tem gerado apreensão nos mercados. O pacote fiscal do governo segue sendo monitorado de perto, especialmente devido às preocupações com sua “desidratação” no Congresso Nacional. Analistas apontam que o aumento nos gastos públicos tem pressionado as projeções de inflação, contribuindo para a elevação das expectativas de juros.

No exterior, a atenção dos investidores está voltada para o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. O mercado espera que, na reunião desta semana, o Fed anuncie um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, o que deve sinalizar o ritmo das futuras decisões monetárias americanas. A expectativa é de que a autoridade adote uma postura mais cautelosa com os cortes de juros em 2025, dado o crescimento econômico robusto e uma inflação que ainda se mantém persistente nos EUA. Essa movimentação também está ligada ao novo cenário político com a volta de Donald Trump à presidência.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) também está sendo observado. A presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou que a instituição poderá reduzir ainda mais as taxas de juros, caso a inflação continue a se aproximar de sua meta de 2%. Com a indicador sob controle e um crescimento econômico anêmico, o BCE já cortou as taxas de juros quatro vezes em 2024, e os investidores apostam em um afrouxamento adicional no ano que vem.

Movimentações no mercado

Às 9h45 de hoje, o dólar operava em alta de 0,35%, cotado a R$ 6,0559, após ter alcançado a máxima de R$ 6,0980. Na última sexta-feira (13), a moeda norte-americana havia fechado com alta de 0,43%, cotada a R$ 6,0347. Em termos acumulados, o dólar registrou um aumento de 0,57% no mês, mas uma queda de 0,60% na última semana. No ano, acumula uma valorização de 24,36%.

No mercado de ações, o índice Ibovespa, principal referência da Bolsa brasileira, registrou queda de 1,13% na última sexta-feira, aos 124.612 pontos. O índice acumula perdas de 1,06% na semana, 0,84% no mês e 7,13% no ano.

Investidores também estarão atentos nesta semana no Brasil à divulgação do Relatório Trimestral de Inflação amanhã, que pode trazer mais pistas sobre a postura do Banco Central brasileiro diante da pressão inflacionária e do crescimento econômico.

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*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Vitória Torres*
postado em 16/12/2024 11:26 / atualizado em 16/12/2024 11:38
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