Investimentos

Com Selic em alta, títulos públicos atingem maior patamar dos últimos 10 anos

Papeis indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+, atingiram recentemente a marca de +7% ao ano, uma das maiores altas registradas na última década

O valor é 18,8% maior que o rendimento médio nacional em 2021, de R$ 1.367. -  (crédito: Arquivo / EBC)
O valor é 18,8% maior que o rendimento médio nacional em 2021, de R$ 1.367. - (crédito: Arquivo / EBC)

Com os juros em trajetória de alta, a opção pelos títulos públicos costuma ser mais vantajosa entre os investidores. Na quarta-feira (11/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em um ponto percentual, a 12,25% ao ano. Diante disso, títulos em renda fixa seguem em ritmo de valorização e a tendência deve continuar em 2025, com projeções indicando uma taxa de juros de 14%.

Papeis indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+, atingiram recentemente a marca de +7% ao ano, uma das maiores altas registradas na última década. A combinação de juros elevados e um cenário macroeconômico instável cria tanto oportunidades quanto desafios para quem busca rentabilidade segura e consistente.

Segundo Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, o momento atual oferece opções interessantes, mas exige atenção às movimentações do mercado e planejamento estratégico. "Historicamente, poucas vezes vimos taxas tão altas em papeis do Tesouro, o que faz deste um momento raro para garantir retornos atrativos, especialmente para o longo prazo”, afirma o especialista.

Enquanto títulos como o Tesouro Selic mantêm sua atratividade por oferecer segurança e liquidez, as opções prefixadas e atreladas ao IPCA enfrentam maior sensibilidade devido à marcação a mercado. Cunha alerta que esses papeis podem sofrer perda de valor com o aumento dos juros futuros, mas têm potencial de valorização quando a curva de juros recua.

Oportunidades e estratégias no cenário atual

Para investidores de longo prazo, títulos prefixados e indexados à inflação são boas opções, especialmente com prazos mais longos. "Investir nesses títulos agora pode resultar em ganhos expressivos em um eventual fechamento da curva de juros", explica Cunha. Ele também reforça que, embora a renda fixa esteja atrativa, diversificar continua sendo importante.

Por outro lado, é preciso considerar os riscos associados à volatilidade do mercado e à possibilidade de novos ajustes na política monetária dos Estados Unidos, que podem impactar os rendimentos dos títulos no Brasil. "Juros mais altos nos EUA podem pressionar ainda mais as taxas por aqui, ampliando a necessidade do investidor avaliar o cenário global antes de tomar decisões", afirma.

Existe um ‘teto’ para o Tesouro?

Embora o Tesouro IPCA+7% seja visto como uma das taxas mais atrativas disponíveis, Paulo Cunha diz que não é possível cravar um "teto" para a renda fixa. "O mercado sempre pode estressar mais. Porém, historicamente, poucas vezes tivemos taxas tão altas. A última vez foi há cerca de 10 anos, pouco antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff", lembra o especialista.

Cunha ainda aponta que, com a Selic em alta e projeções que indicam manutenção ou até elevação da taxa para 14% ao ano, títulos como o Tesouro IPCA + apresentam rentabilidades competitivas, ainda mais para quem busca proteger o capital contra a inflação no longo prazo.

"Além de oferecer rentabilidade, esses ativos têm sido cruciais para o governo financiar políticas fiscais em tempos de ajuste econômico, reforçando seu papel estratégico tanto para investidores quanto para o país", conclui Cunha.

Raphael Pati
postado em 12/12/2024 18:16
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