Copom

Haddad evita falar sobre juros e acredita que pacote não pesou na decisão

Ministro comentou sobre decisão do BC de elevar a taxa Selic em um ponto percentual

Fernando Haddad declara preferir não comentar a fundo sobre a decisão de taxa básica de juros antes da divulgação da ata do Copom -  (crédito: Raphael Pati/CB/D.A Press)
Fernando Haddad declara preferir não comentar a fundo sobre a decisão de taxa básica de juros antes da divulgação da ata do Copom - (crédito: Raphael Pati/CB/D.A Press)

Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir elevar a taxa básica de juros para 12,25%, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preferiu não comentar a fundo sobre a decisão antes da divulgação da ata do Copom. Apesar disso, salientou que não acredita que o pacote fiscal apresentado no dia 27 de novembro tenha causado impacto no aumento mais forte da Selic.

“Foi (uma surpresa) por um lado, mas tinha uma precificação nesse sentido”, disse o ministro. “Vou olhar com calma e vou analisar no comunicado, vou falar com algumas pessoas, depois do período de silêncio”, completou.

Haddad disse, ainda, que há uma dificuldade de parlamentares em processar as medidas propostas. “Nós enviamos um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Poderia ter mandado o dobro para lá, mas o que vai sair é o que importa”, acrescentou. 

O ministro ainda ressaltou que acredita ser suficiente o prazo apertado do Congresso Nacional para aprovar as propostas enviadas antes do recesso parlamentar. “Então nós procuramos calibrar o ajuste para as necessidades de manutenção da política fiscal”, completou.

Aumento de 1 ponto

Na última reunião do grupo em 2024, o Copom subiu a taxa Selic em 1 ponto porcentual, e atingiu o nível de 12,25% ao ano. A decisão foi unânime e no comunicado enviado pelo BC, os diretores ressaltaram o contexto de incertezas no cenário internacional, com destaque à mudança na presidência dos EUA, com o presidente eleito Donald Trump assumindo em janeiro o cargo.

A nota ainda ressaltou que houve uma piora no balanço de riscos domésticos com pressões no mercado de trabalho, resistência na inflação de serviços e desancoragem nas expectativas. Também não faltou menções ao pacote fiscal anunciado pelo governo federal no fim do último mês de novembro, que não agradou boa parte do mercado financeiro. 

“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, ressaltou o comunicado. 

Na avaliação do economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, o Copom fez tudo o que podia para tentar convencer de que não pouparão esforços para trazer a inflação para meta. 

Decisão unânime de acelerar pra valer a subida de juros e teor do comunicado foram nessa direção. Mais importante, reativaram o forward guidance sinalizando mais dois aumentos de 100 pontos base. O movimento de hoje deve contribuir para o processo de recuperação da credibilidade do colegiado e dar um alívio para os agentes do mercado financeiro”, avalia o especialista.

 

Raphael Pati
postado em 11/12/2024 20:33
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