Mercado financeiro

Analistas apostam em Selic a 12% na última reunião do Copom

À espera de uma inflação galopante, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central estimam que o Comitê de Política Monetária (Copom) vá elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual na reunião que começa hoje

Será a última reunião do Copom atual. Em janeiro, o presidente Campos Netos e três diretores deixam o comitê -  (crédito: Raphael Ribeiro/BCB)
Será a última reunião do Copom atual. Em janeiro, o presidente Campos Netos e três diretores deixam o comitê - (crédito: Raphael Ribeiro/BCB)

Na véspera da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco central, o mercado financeiro revisou novamente as expectativas para a taxa Selic no final de 2024. Até a semana passada, a previsão era de um aumento de 0,5 ponto percentual, mas a percepção de que o Banco Central deve promover um remédio mais intenso em um período de tempo mais curto ganhou força entre analistas de investimentos. Desta forma, o Boletim Focus revisou para 12% a previsão para a taxa de juros no final do ano, o que indica que a maioria dos agentes de mercado consultados pelo relatório acreditam em uma alta de 0,75 ponto.

No final de 2025, o mercado espera uma Selic de 13,50%, enquanto que para 2026 e 2027, aguardam taxas de juros de 11% e 10%, respectivamente. Isso indica que a maioria dos agentes não esperam uma taxa abaixo de dois dígitos pelo menos nos próximos três anos. Para se ter uma ideia, no primeiro Boletim Focus divulgado em 2024, a projeção para a Selic era de 9%. Na época, a taxa estava em trajetória de queda, após a aprovação do arcabouço fiscal, mas acabou perdendo força ao longo do ano.

Além disso, há uma parcela substancial de agentes que já consideram duas altas de 1% nas próximas duas reuniões. O estrategista de investimentos e sócio da RGW Investimentos, José Cassiolato, está entre os analistas que acreditam que o Copom deve promover uma alta ainda mais forte na reunião que começa hoje e termina amanhã. Segundo ele, uma política mais dura nesse momento com relação à taxa de juros deve conter a apreciação do dólar em relação ao real, além de oferecer maior estabilidade para todos os outros ativos da economia.

"Vejo com bons olhos, neste momento, uma política mais dura, mostrando essa possibilidade de o Banco Central manter uma independência e que a gente possa, a partir dela, o quanto antes, começar a reverter essa política monetária para praticar uma taxa de juros mais condizente com o que vem acontecendo na dinâmica internacional, de redução da taxa de juros", avalia Cassiolato.

Um dos fatores que mais pesam sobre as projeções do mercado é a reação dos investidores e de outros agentes ao pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no último dia 28 de novembro. A estimativa de uma economia de R$ 30 bilhões para o ano que vem e de R$ 40 bilhões para 2026, apresentadas inicialmente pelo governo, foram desacreditadas pelo mercado, que também não reagiu positivamente à isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas que recebem até R$ 5 mil por mês.

"Esse foi um recado muito negativo para o mercado, porque trouxe uma queda no nível de confiança", avalia o sócio da WMS Capital Marcos Moreira, que não descarta a possibilidade de um ajuste de 1% na reunião desta semana.

O mercado também aumentou a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. De acordo com o Focus, os agentes estimam um aumento de 4,84% na inflação oficial, ante 4,71% na mesma projeção publicada na semana anterior. Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os resultados de novembro do IPCA.

Em relação ao câmbio, a projeção divulgada no Boletim Focus também registrou um aumento na percepção dos analistas, que passaram a estimar o valor do dólar na casa de R$ 5,95. Já o Produto Interno Bruto (PIB) deve vir mais forte, de acordo com os especialistas do Focus. O mercado passou a considerar um crescimento de 3,39%.

 

postado em 10/12/2024 03:52
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