Com a presença de nomes do alto escalão do governo federal, o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) reiterou, em um evento promovido em Brasília, no fim de novembro, o objetivo de ser cada vez mais nacional. A entidade concluiu o processo de expansão para todos os estados do país neste ano e pretende ampliar a atuação no exterior. Para isso, planeja ter 3 mil funcionários na linha de frente para dar apoio e conhecimento a micro e pequenos empresários.
O principal objetivo é claro: tirar o maior número possível de empreendedores da informalidade. Dados citados pelo Simpi mostram que há cerca de 20 milhões nessa situação. O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Marinho, que participou do evento, disse que há 38 milhões. Seja qual for o número, o certo é que a informalidade é um fenômeno recorrente nas mais diversas empresas do país.
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O presidente do Simpi, Joseph Couri, afirma, ao Correio, que é preciso mostrar as vantagens de deixar a informalidade e estender a mão ao empreendedor que está começando. "Nós queremos mostrar para ele (empresário) que está sendo tachado de sonegador, bandido. Não é. É mera falta de informação", afirma. Segundo ele, a entidade "está fora da caixinha" com novas iniciativas. Confira os principais trechos da entrevista:
Qual o objetivo da associação com essa presença em todos os estados no Brasil?
O objetivo é fazer com que chegue a essas empresas que estão na informalidade, que nós estamos dizendo que são 20 milhões e que o ministro Marinho diz que são 38 milhões de empresas na informalidade. É mostrar para elas aquilo que não está sendo mostrado, mostrar a vantagem de estar na formalidade. Mais do que o discurso de dizer "venha", é a mão estendida para que eles realmente possam, primeiro, entender, segundo, acreditar e, terceiro, se formalizar.
Há o intuito de diminuir a sonegação de impostos?
A esmagadora maioria das empresas não sonega. Nós queremos mostrar para ele (empresário) que está sendo tachado de sonegador, bandido. Não é. É mera falta de informação. Nosso foco é trabalhar para que o empresário esteja regularizado, fazer a diferença para o sucesso, a manutenção e a formalidade da empresa.
O foco é manter o contato físico com o empresário?
Sim. Albert Einstein dizia o seguinte: "Fazer mais do mesmo e querer um resultado diferente é sandice". O que nós estamos fazendo? Nós estamos fora da caixinha. Então, o tradicional está lá, fica lá, continua lá. O novo, a inteligência artificial, a metodologia, as competitividades, crédito, etc., tudo isso é o novo modelo no portal (do Simpi) e, além do portal, frente a frente, mano a mano. Onde você vai ver a empresa? Em todos os ambientes.
A plataforma Educa SIMPI, recém-lançada, faz parte desse objetivo de levar mais educação para esses empreendedores?
Há uma série de produtos. Nós convidamos todos para acessarem, de graça, para que vejam as vantagens e o que tem lá. Tem inteligência artificial trabalhando para benefícios, produtos, serviços, perguntas e respostas, área jurídica, fiscal, tributária, tudo aquilo que afeta a vida das empresas. Cada região tem a sua especificidade. O que estamos fazendo depende da massificação do produto. A inteligência artificial, hoje, está em tudo. Agora, nós estamos estendendo isso para o MEI (Microempreendedor Individual).
De que maneira essa expansão também pode ajudar a conquistar outros países para as pequenas empresas?
O Simpi já está em quatro países: Estados Unidos, Japão, China e Portugal. E, até o fim do ano, a nossa meta é ampliar esse número para 20. É um outro patamar que estamos falando. Isso não se aplica ao MEI, porque o MEI não vai exportar seu produto. Na hora em que ele começar a exportar, ele deixa de ser MEI e passa a ser pequeno ou médio empreendedor. Esse também é o nosso foco. Só que o que nós estamos buscando são os pequenos. E nosso objetivo é dar acesso a isso, para, depois, ele poder migrar para outras estruturas maiores e melhores.
A curto ou médio prazos, pode haver um aumento das exportações por parte de pequenas empresas?
Indiscutivelmente, há vários produtos que podem ser exportados. Vamos achando os nichos, os produtos das várias etapas, mas com serenidade, pé no chão e muito esforço. Vamos acompanhar os trabalhos e vamos ver crédito, os problemas e as soluções. Vamos mostrar, cada vez mais, coisas positivas.
Houve uma redução na burocracia para se abrir uma empresa no Brasil?
Se você for para São Paulo, nós abrimos uma empresa em 3 horas. Você sai de lá com o registro da empresa, o CNPJ, e já vai trabalhar. Então, existe, sim, um avanço muito forte. Agora, nós temos que ser verdadeiros. Isso não é a fotografia do Brasil todo. Um dos nossos desafios é estender esse programa, e negociar com os vários órgãos. Estamos abrindo uma negociação permanente com os governos federal, estaduais e municipais, para que isso chegue à ponta. Esse é o nosso desafio.
Sobre a questão do empreendedorismo feminino, de que maneira os senhores enxergam essa pauta de disponibilização de crédito voltado para elas?
Precisamos entender a importância da mulher. Quem manda no mundo são as mulheres. Elas hoje representam pouco mais da metade da população mundial. E o resto são os seus filhos. Portanto, a mulher tem um papel essencial, muito importante. Tudo depende — ou quase tudo — da mulher. A união homem e mulher faz um cenário fantástico. Não estamos aqui discutindo sexo ou ideologia, mas nós estamos discutindo o envolvimento natural. As mulheres são muito mais responsáveis quando elas montam uma empresa. Ela traz muito mais cautela e muito menos agressividade no crescimento. Mas ela faz isso de uma forma muito mais sólida, o que é maravilhoso, porque nós temos que apoiar essas iniciativas. Aquilo que é bom tem que ser apoiado em qualquer lugar. As mulheres são um exemplo para o mundo.
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