MERCADO FINANCEIRO

Apesar de alta da Bolsa, dólar fecha novamente acima de R$ 6

Apesar de chegar a ser negociado abaixo de R$ 6, dólar recua 0,63%, e fecha o dia cotado a R$ 6,007 para a venda com mercado ainda preocupado com o quadro fiscal incerto. Bolsa sobe 1,40%, para 127.857 pontos, mas acumula queda de 4,72% no ano

Valor do dólar bateu recorde nesta quinta-feira (28)
     -  (crédito: Freepik)
Valor do dólar bateu recorde nesta quinta-feira (28) - (crédito: Freepik)

O câmbio e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerraram o pregão desta quinta-feira (05/12) com sinais trocados. O dólar, apesar fechar com queda de 0,63%, voltou a ficar acima de R$ 6, cotado a R$ 6,007 para a venda. O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, terminou com alta de 1,40%, a 127.857 pontos.

Ao longo do dia, a divisa norte-americana chegou a ser negociada abaixo de R$ 6, repercutindo positivamente a aprovação do regime de urgência da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote fiscal do governo, que prevê um corte de cerca de R$ 70 bilhões de gastos até 2026, na véspera, o que permitirá uma tramitação mais rápida da matéria pela Casa. Contudo, o placar entre os deputados foi bastante apertado e abaixo dos 308 votos – o mínimo necessário para uma emenda constitucional ser aprovada pela plenário em dois turnos.

“O mercado reagiu bem ao avanço do pacote de corte de gastos, apesar de a urgência da PEC do pacote de cortes ter sido aprovada em uma votação apertada. Ele pode até ter suas ressalvas, mas entende que esse ajuste fiscal vai ter que sair, principalmente depois de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revisar o Produto Interno Bruto (PIB) para cima (de 2,9% para 3,2%), isso vai potencializar o reajuste do salário mínimo no ano que vem”, explicou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Na avaliação de Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos, contudo, a volta do dólar ao patamar de R$ 6 reflete que o mercado ainda segue preocupado com o avanço do pacote fiscal. “O que aconteceu no Congresso, ontem, foi apenas a aprovação do regime de urgência de dois projetos, um que limita o crescimento do salário mínimo  e a PEC do pacote,  que passaram com pouca diferença. Então, ainda não está garantida a aprovação desse ajuste fiscal no plenário. Por isso, a melhora foi pequena no mercado doméstico. Além disso, o dólar vem caindo há três dias devido à percepção de menor risco para a economia dos Estados Unidos, no próximo ano, com a volta de Donald Trump no governo”, afirmou. 

“No fundo, o dólar está refletindo que a  situação fiscal não está nada definida. A vitória foi muito apertada e ainda é muito dependente de aprovação de emendas. Logo, está muito frágil ainda a negociação do pacote fiscal”, acrescentou Velho. Ele lembrou ainda que com a perspectiva maior de inflação, isso aumenta as projeções para os juros, a curto prazo, e para o custo da dívida pública, e, consequentemente, maior desvalorização do real.  “Existe uma correlação positiva muito clara entre dívida pública e taxa de câmbio e é possível ainda voltar à dominância fiscal, inclusive, quando a eficácia da política monetária perde potência um pouco quando se tem ausência total do choque fiscal”, alertou.

A Bolsa brasileira, por sua vez, operou no azul e chegou a registrar a máxima de 127.989 pontos, com alta de 1,51% no dia, principalmente, por conta da aprovação da PEC do pacote fiscal, apesar de militares e integrantes do judiciários se manifestarem contra as medidas propostas pelo Executivo. Mas é importante lembrar que, na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que o governo vai precisar trabalhar e dialogar muito para conseguir aprovar o pacote fiscal ainda neste ano, antes do recesso parlamentar. “Vai ter trabalho, convencimento, diálogo. O Congresso não vai faltar, mas estamos em um momento de muita turbulência e de problemas que não são inerentes à harmonia dos Poderes, na circunscrição do que cada Poder deve fazer”, disse Lira, em evento do site Jota.  

As ações com as maiores altas no IBovespa foram as das empresas João Fortes (de 29,43%), Infracommerce (11,11%) e Oncoclínicas (10,07%), mas sem destaque para um segmento específico. No mês, o IBovespa acumula alta de 1,74%, mas, no ano, segue no vermelho, com perda de 4,72% desde janeiro.

Gustavo Cruz lembrou que os papeis da Eletrobras também ajudaram a impulsionar a B3, voltando a negociar novos integrantes do Conselho de Administração, e acabou tendo destaque. “Mas o dia ainda foi mais uma reação ao avanço da tramitação do pacote fiscal”, frisou.  

Biticoin em envidência

Enquanto isso, a Bitcoin atingiu, pela primeira vez, a marca de US$ 100 mil.  “Esse feito não apenas reforça a trajetória de valorização da criptomoeda, mas também a consolida como um dos ativos mais rentáveis da última década até 4 de dezembro de 2024”, destacou Einar Rivero, CEO da consultoria Elos Ayta. Segundo ele, nos últimos 10 anos, a valorização da Bitcoin acumulada em dólares chega a 25.323% em dólares nos últimos dez anos.

No entanto, Rivero ressaltou que há um ativo que conseguiu um desempenho ainda mais expressivo no mesmo período: a Nvidia. A gigante dos semicondutores registrou uma rentabilidade de 28.763%, destacando-se como a líder absoluta. “Esse resultado ressalta o poder da inovação tecnológica, já que a Nvidia, pioneira em chips gráficos e inteligência artificial, impulsionou transformações profundas em setores que vão desde games até data centers e Inteligência Artificial”, acrescentou.

postado em 05/12/2024 21:03 / atualizado em 05/12/2024 23:15
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