MINERAÇÃO

China compra reserva de urânio na Amazônia por R$ 2 bilhões

A estatal chinesa não tem permissão para explorar o mineral pela legislação atual; venda da mineradora não tem relação com o governo brasileiro

A mineradora estatal chinesa China Nonferrous Mining Co., Ltd assinou acordo para compra de mineradora responsável por reserva de urânio do Brasil. A Mineração Taboca S.A., empresa focada na venda de estanho, é proprietária da Mina de Pitinga, reserva a céu aberto instalada na região amazônica, a cerca de 300km de Manaus. O acordo de venda foi divulgado pela Mineração Taboca na terça-feira (26/11).

A venda da empresa foi feita pelo grupo peruano Minsur S.A, que controlava as ações da Mineração Taboca S.A, e não tem relação com o governo brasileiro. Agora, o controle acionário passa à China Nonferrous Mining, referência na exploração de cobre, que adquiriu as ações por US$ 340 milhões, cerca de R$ 2 bilhões. 

Descoberta em 1979, a Mina de Pitinga é rica em estanho, cassiterita e columbita, e tem longevidade estimada de 100 anos. Além desses minérios, o local também está entre as maiores reservas nacionais de urânio, elemento utilizado na geração de energia nuclear. 

Em meio a uma corrida mundial na busca de fontes para geração de energia nuclear, o Brasil é um dos territórios mais ricos em urânio no mundo. Já a China desponta como o país com mais investimentos no setor, com cerca de 56 reatores em funcionamento, além de 30 usinas em construção e 41 planejadas.

No entanto, o urânio não deve ser explorado pela estatal chinesa. Isso porque a exploração de atividades nucleares é monopólio da União, de acordo com a Constituição. A exploração do mineral fica sob responsabilidade estatal das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). 

Embora a empresa chinesa não tenha permissão para explorar o mineral, a compra gerou reações no Congresso Nacional. Em discurso no plenário, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) acusou o país de favorecer a China Nonferrous Trade enquanto a exploração de potássio e gás natural na região amazônica está paralisada por decisão do Ministério Público Federal (MPF). 

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