Crise da carne

Caso Carrefour: CNA abrirá reclamação na União Europeia

Para a confederação, medida do grupo francês pode caracterizar uma violação das regras de defesa da concorrência na UE

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou, na noite desta terça-feira (26/11), que vai entrar com uma reclamação formal na União Europeia contra a postura do Carrefour. A entidade acredita que a decisão do grupo francês de deixar de vender carnes do Mercosul na França pode configurar uma violação de regras de concorrência.

“Essas medidas podem caracterizar uma violação das regras de defesa da concorrência da União Europeia. Por isso, a CNA vai formalizar uma reclamação junto aos órgãos da União Europeia para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico”, disse Carlos Bastide Horbach, consultor jurídico da CNA.

O presidente da CNA, João Martins, disse que a confederação foi surpreendida pelo anúncio do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, na semana passada. Ele reforçou o argumento usado por diversas outras associações nos últimos dias de que os produtos brasileiros atendem aos padrões de qualidade de diversos países.

“Cada dia mais, o Brasil se tornou o maior exportador de carne. Hoje nós somos o maior exportador de carne do mundo. Não só atendemos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio e até a China, os países asiáticos. Diante dessa acusação, nós nos vimos obrigados a buscar o nosso escritório que temos hoje em Bruxelas (Bélgica) para entrar com as ações devidas para buscar o esclarecimento da verdade”, disse, em vídeo compartilhado pela CNA.

Entenda o caso do Carrefour

Nos últimos dias, produtores brasileiros iniciaram um boicote às lojas brasileiras do grupo. O protesto foi apoiado pelo governo brasileiro na figura do ministro Carlos Fávaro (Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Houve cobranças públicas, também, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e da embaixada brasileira em Paris (França).

Nesta terça-feira, o Carrefour emitiu um novo posicionamento sobre o assunto e pediu desculpas pela repercussão das falas de seu CEO. “Nunca quisemos opor a agricultura francesa à agricultura brasileira. França e Brasil são dois países que compartilham o amor pela terra, pelo cultivo e pela alimentação de qualidade”, diz um trecho da nota publicada hoje.

“Lamentamos muito que nossa comunicação tenha sido recebida como questionamento de nossa parceria com a produção agropecuária brasileira ou como uma crítica a ela. Temos orgulho de sermos um grande parceiro histórico da agricultura brasileira. Sabemos que a agropecuária brasileira fornece carne de alta qualidade e sabor”, diz o documento.

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