O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou ontem por algumas horas na Amazônia, onde anunciou o aporte de US$ 50 milhões ao Fundo Amazônia. A parada em Manaus, no Amazonas, aconteceu antes da ida do chefe de estado para a Cúpula do G20 — grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana — no Rio de Janeiro.
A visita marca a primeira vez que um presidente americano no exercício do mandato à floresta Amazônica. A doação, no entanto, depende do aval do Congresso americano, que terá maioria republicana na Câmara e no Senado a partir do ano que vem, e pode não chegar ao fundo.
O presidente eleito Donald Trump, que assume em 2025, já se mostrou um negacionista das mudanças climáticas e afirmou ser contra a imposição de restrições ambientais e ameaçou tirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris.
Em discurso, Biden reforçou que deixa um "legado forte" para o adversário. "Não precisamos escolher entre o meio ambiente e a economia, nós podemos fazer as duas coisas e já provamos isso, provamos isso nos Estados Unidos. Não é segredo que eu estou saindo da presidência em janeiro. Eu vou deixar ao meu sucessor de país uma base muito forte, se eles seguirem esse caminho", declarou.
O anúncio foi realizado no Museu da Amazônia (Musa), onde Biden se reuniu com lideranças indígenas e cientistas. O novo investimento elevará o total de contribuições dos EUA ao Fundo Amazônia para US$ 100 milhões.
Em 2023, no começo do governo Lula, um primeiro repasse de US$ 50 milhões foi anunciado na retomada do fundo, que havia sido desativado durante o mandato de Jair Bolsonaro. O montante ainda está longe dos US$ 500 milhões prometidos em abril de 2023.
Na ocasião, o líder americano afirmou que a luta contra as mudanças climáticas "vem sendo a causa" de sua presidência. "Alguns podem negar ou atrasar a revolução de energia limpa que vem acontecendo nos EUA, mas ninguém pode revertê-la. Não enquanto tantas pessoas, independentemente do partido ou política, possam aproveitar desses benefícios. Não enquanto países no mundo estão lidando com a revolução da energia limpa para poder ir a frente e progredir", destacou.
"A pergunta agora é: qual governo vai ficar impedindo e qual governo vai aproveitar essa imensa oportunidade econômica?", indagou Biden. O presidente também anunciou o lançamento de uma coalizão internacional para mobilizar, no mínimo, US$10 bilhões até 2030 para restaurar e proteger 20.000 milhas quadradas de terras.
Biden assinou uma proclamação designando o dia 17 de novembro como o Dia Internacional da Conservação. Entre outras medidas, o presidente americano também se comprometeu em fortalecer o debate sobre financiamento climático.
Desafios para o financiamento climático
O financiamento climático global encontra uma série de desafios e é motivo de divergências no âmbito da 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP29, que acontece em paralelo ao G20 em Baku, no Azerbaijão. O secretário-geral das Nações Unidas de Mudança Climática, Simon Stiell, chegou a fazer um apelo para que os líderes impulsionem as negociações no Rio de Janeiro, para angariar fundos para os países em desenvolvimento.
Segundo o Acordo de Paris, para que os países em desenvolvimento consigam apresentar metas ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa, as nações mais ricas devem providenciar esses recursos. O primeiro bloco luta por um fundo de, pelo menos, US$ 1,3 bilhão, composto por doações. Ao mesmo tempo, a proposta dos desenvolvidos inclui, majoritariamente, empréstimos bancários.
O chefe da ONU defende que os líderes apoiem um aumento nas subvenções e empréstimos, juntamente com o alívio da dívida, para que os países vulneráveis não sejam prejudicados pelos custos do serviço da dívida, que tornam praticamente impossíveis ações mais ousadas. "A reunião da próxima semana deve enviar sinais globais claros", escreveu Stiell em carta ao G20.
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