DIREITOS TRABALHISTAS

VAT deve organizar mais atos pelo #FimdaEscala6x1 até o fim do ano

A deputada Erika Hilton anunciou que este foi "o primeiro ato dos inúmeros que ainda faremos". Representante do movimento no DF confirma que há uma agenda de manifestações a serem realizadas em breve

Cidades de todas as regiões do país, foram às ruas pelo #FimdaEscala6x1 nesta sexta-feira (15/11), no feriado da Proclamação da República. As manifestações foram organizadas pelo Vida Além do Trabalho (VAT), fundado há um ano pelo ex-balconista de farmácia Rick Azevedo. “A escala de trabalho 6 por 1 é uma escala escravocrata, desumana, exploratória, que acaba com a vida dos trabalhadores, em especial a das mães”, falou em seu pronunciamento, no Rio de Janeiro.

“Eu quero que vocês me escutem como um trabalhador que trabalhou por 12 anos na escala 6 por 1. O que eu mais sonhei na minha vida foi o dia em que tivesse um protesto para acabar com esse modelo de trabalho”, revelou Rick, que comemorou seu aniversário durante as manifestações. Nas eleições municipais deste ano, ele foi eleito vereador pelo PSol na capital fluminense, com quase 30 mil votos.

Em São Paulo, os atos na Avenida Paulista contaram com a participação da deputada Erika Hilton (PSol-SP), que encabeça a proposta de emenda parlamentar (PEC) que visa o fim da escala de seis dias de trabalho por um dia de folga, e a redução da carga horária para 36 horas semanais, sem alteração no salário dos empregados com carteira assinada. Também estiveram presentes o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) e o deputado estadual Carlos Giannazi (PSol).

Em seu discurso, Erika Hilton aclamou a classe trabalhadora, “que mantém esse país de pé”: “A luta do trabalhador vai derrubar a escala 6x1 nesse país. Não são os políticos que vão fazer essa mudança, são os trabalhadores”.

A parlamentar ainda afirmou que este “é só o primeiro ato dos inúmeros que ainda faremos”, e destacou a força da minoria dentro do movimento. “Para mostrar para aquela gente que quem esta pautando esse debate no Congresso Nacional e junto com a sociedade, com os movimentos sociais, é uma travesti, negra, de periferia”.

Em Brasília, a deputada federal Erika Kokay (PT) e o deputado distrital Fábio Félix (PSol) marcharam junto com a multidão, embaixo de chuva. “Há muito tempo eu não vejo uma janela de oportunidade tão importante para a discussão da jornada de trabalho no país”, afirmou Fábio. Para Kokay, a luta é fundamental “para que o nosso tempo, as nossas vidas e os nossos corpos não sejam entregues em sacrifício ao lucro do próprio patrão”.

Em duas capitais, a manifestação tomou conta de centros comerciais. Em Belém, no Pará, a multidão entrou em um shopping. A designer de mídias digitais Lais Buarque contou ao Correio que a caminhada “aconteceu de forma espontânea”. “Os atendentes pulavam de alegria na frente das lojas. Essa energia toda nos mostrou que a pauta não só tem relevância, como é de interesse de massas”, afirmou. Curitiba, no Paraná, foi a outra cidade a ter o #FimdaEscala6x1 levando cartazes para as portas das lojas de um shopping da cidade.

Novos atos até o fim do ano

A indicação da deputada Erika Hilton em seu discurso sobre mais manifestações foi confirmada pelo representante do VAT em Brasília, o entregador de aplicativo, Abel Santos. Segundo ele, o movimento está organizando uma “agenda de pequenos atos”, que serão realizados em shoppings e no aeroporto, acompanhando a chegada e saída de parlamentares. O ativista também confirmou que haverá um outro grande ato grande até o fim do ano, na véspera das datas comemorativas, quando os centros comerciais, onde os trabalhadores cumprem escalas 6x1, estarão cheios.

Abel, antes de ser entregador por aplicativos, trabalhou em lojas e farmácias, e por mais de 10 anos viveu cumprindo a carga horária com qual a PEC quer acabar. À frente do movimento no DF, ele celebrou a forte adesão dos atos: “Foi uma vitória muito grande pra nós, foi bem sucedida. Os atos saíram na internet para mostrar a necessidade de se fazer presente nas ruas, para que os deputados que assinaram a PEC entendam a necessidade de ouvir o trabalhador”.

“Não é só sobre assinar a PEC, é sobre debater o fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho. Nós precisamos de 36 horas para que as pessoas tenham a possibilidade de estar com suas famílias, com quem ama, de poder estudar. E esses atos demonstram a união da classe trabalhadora, independente da categoria, da função, na busca por mais direitos, e melhor qualidade de vida e de trabalho”, refletiu.

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