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Após atingir recorde, dólar fecha em queda em dia de eleição nos EUA

Moeda norte-americana viveu dia de intensos altos e baixos, após eleições nos EUA definirem Donald Trump como próximo presidente

O susto inicial de que o dólar poderia fechar o dia em uma alta histórica, acima de R$ 6, ficou apenas susto - o Google, que chegou a mostrar erroneamente em sua página que o câmbio alcançava R$ 6,19 durante a tarde. Apesar disso, o que se percebeu no movimento da moeda norte-americana foi uma desaceleração forte em relação ao real ao longo do dia. 

Logo no início da manhã, a percepção que apontava para uma alta do dólar se materializou já nos primeiros minutos de operações do mercado financeiro. A divisa saltou de R$ 5,75 para R$ 5,86 antes dos 10 minutos iniciais após as 9h da manhã (horário de Brasília). O valor alcançado é o maior nominal da história desde a criação do real, em 1994.

Apesar disso, o câmbio perdeu a força inicial ao longo do dia e cedeu 1,26% em relação ao fechamento anterior no final do pregão. Dessa forma, o dólar comercial passou a valer R$ 5,67 ao término da sessão. Com isso, o real teve uma das melhores performances entre moedas no mundo, visto que o Índice DXY, que mede a força da divisa norte-americana no mundo inteiro, registrou alta expressiva nesta quarta-feira, de 1,63%.

A visão geral dos analistas é de que o susto inicial, com o mercado digerindo uma vitória de Donald Trump, foi ofuscado pela declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda no início da manhã, que disse que as reuniões para tratar sobre o pacote de corte de gastos com os ministros já se encerraram e que já “há um consenso em torno do princípio”.

Para o analista econômico da BMJ Consultores Associados, Guilherme Gomes, a tendência de médio prazo é de que o dólar mantenha o patamar atual a médio prazo, na casa dos R$ 5,70. “Justamente porque os agentes vão ter ajustado suas expectativas, porque o presidente eleito já vai trazer pontos mais claros sobre a sua agenda, sobre a composição da equipe, sobre quais vão ser as prioridades que vão ser levadas pelo governo a partir de janeiro”, considera.

Já para o sócio da Vokin Investimentos, Guilherme Macêdo, o governo deve encontrar uma maneira eficiente para reduzir a tensão sobre o câmbio e tendência de alta, visto que esse movimento ganha força com a eleição do republicano. Para isso, ele avalia que o governo deve promover um corte de gastos mais amplo. “Essa componente interna é importante estar no radar, porque é ela que vem comandando a trajetória do dólar, que é um dólar mais alto”, avalia. 

No final do dia, Haddad disse a jornalistas que o novo pacote com medidas para corte de gastos será fechado nesta quinta-feira (7/11), após uma última reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ministro, faltam ser analisados apenas dois itens de menor relevância de impacto fiscal.

Criptomoedas e bolsa

No mercado cripto, a maioria das criptomoedas apresentaram forte valorização durante esta quarta-feira. Às 20h, o bitcoin registrava um aumento acima de 7,5%, no valor de US$ 75.766. Foi a primeira vez que o ativo digital ultrapassou a barreira dos US$ 75 mil, o que indica um impacto direto das eleições norte-americanas neste recorde, visto que Trump é considerado mais permissivo com as criptomoedas.

“Se você cria uma moeda e se o presidente da maior economia do mundo acredita que essa moeda é o futuro, e faz parte do futuro, a confiança da moeda sobe e o valor também”, ressalta o analista e sócio da Cash Wise Investimentos, Victor Souza.

No mesmo dia em que o dólar registrou uma forte queda, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) fechou o pregão em queda de 0,24%, aos 130.340 pontos. O resultado pode ser considerado uma alívio para o mercado, visto que no início das operações, o índice registrava queda superior a 1%, ainda na repercussão do resultado nos EUA, que consagrou a campanha de Donald Trump.

 

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