O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a segunda sessão de debates da Cúpula do G20, na tarde desta segunda-feira (18/11), falando sobre a taxação dos super-ricos e a reforma da governança global.
“A história do G20 está entrelaçada com os abalos sofridos pela economia global nas últimas décadas. Ações oportunas evitaram que a crise de 2008 resultasse em um colapso de proporções catastróficas. O ímpeto reformador foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo. Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas”, iniciou o presidente.
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Lula, então, falou sobre a insuficiência de organismos internacionais na atuação de guerras e conflitos mundiais. “Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça. A globalização neoliberal fracassou. Em meio a crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputas hegemônicas", disse.
"Permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão da nossa responsabilidade”, completou.
“A omissão do Conselho de Segurança tem sido uma ameaça à paz e à segurança internacional”, enfatizou o presidente brasileiro, que defende uma reforma no órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem 15 membros e apenas cinco permanentes – nenhum deles é do Sul global.
“Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor”, disse ainda Lula. “Por isso, o Brasil propôs, em Nova York, a convocação de uma conferência de revisão da Carta da ONU, nos termos do artigo 109. Apenas 51 dos atuais 193 membros das Nações Unidas participaram de sua fundação”, acrescentou.
Taxação dos super ricos
Lula também defendeu a taxação dos super-ricos no mundo. De acordo com ele, “é urgente rever regras e políticas financeiras que afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento”.
“O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação. A cooperação tributária internacional é crucial para reduzir desigualdades. Estudos encomendados pela Trilha de Finanças do G20 são reveladores. Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super ricos poderia gerar recursos da ordem de 250 bilhões de dólares por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, clamou o presidente.
Lula finalizou o discurso clamando pelo multilateralismo. “A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo. Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”, comentou.