Trabalho

Campos Neto volta a criticar PEC que substitui jornada 6x1

"Não vai ser colocando mais deveres para os empregadores que você vai atingir mais direitos para os trabalhadores", disse o presidente do BC, em evento nesta segunda-feira (18/11)

Chefe da autoridade monetária destacou que aumento dos programas de transferência de renda nos últimos anos gerou aumento das dívidas nacionais ao longo do tempo  -  (crédito:  AFP)
Chefe da autoridade monetária destacou que aumento dos programas de transferência de renda nos últimos anos gerou aumento das dívidas nacionais ao longo do tempo - (crédito: AFP)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, criticou novamente a proposta de emenda à Constituição (PEC) que pode reduzir a jornada de trabalho semanal, além de extinguir a escala 6x1. Nesta segunda-feira (18/11), em evento promovido pelo Insper, o chefe da autoridade monetária disse que vê a medida com “preocupação”, ao comentar sobre avanços promovidos pelas reformas aprovadas nos últimos anos no Congresso Nacional.

“O desemprego continua surpreendendo. Acho que grande parte dessa surpresa se deve às reformas que a gente fez, e por isso que eu comentei outro dia que vejo muita preocupação com esse projeto do 6X1, que acho que vai contra o que a gente produziu, que foi muito bom para o emprego no Brasil, e tem evidências disso”, disse Campos Neto.

O presidente do BC já havia comentado em outro evento na última quinta-feira (14) que a proposta poderia aumentar custos de trabalho, informalidade, além de diminuir a produtividade. “Então, de novo, não vai ser colocando mais deveres para os empregadores que você vai atingir mais direitos para os trabalhadores. Essa é uma realidade que não existe”, concluiu.

A PEC, elaborada pela deputada Erika Hilton (PSol-SP), reduziria de 44 horas para 36 horas semanais a jornada semanal de trabalho, além de extinguir o modelo atual que prevê ao menos um dia de folga para seis trabalhados. Com a medida, os empregados teriam direito a três dias de folga por semana.

Programas sociais

Campos Neto ainda destacou, durante o evento, que o aumento dos programas de transferência de renda — ou programas sociais — nos últimos anos gerou um aumento das dívidas nacionais ao longo do tempo. Nas últimas duas décadas, as despesas com esses programas aumentaram cerca de 5% do PIB para, aproximadamente, 11% do PIB.

“Fica um questionamento se isso gerou eficiência, se não, se é a melhor forma de fomentar o crescimento a longo prazo, entendendo que tem um aspecto social que é necessário fazer, alguns programas foram muito necessários e importantes durante a pandemia, mas a gente fica pensando como seria a saída desses programas”, levantou.

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postado em 18/11/2024 17:55 / atualizado em 18/11/2024 18:06
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