Celebrado mundialmente no dia 19 de novembro, o Dia do Empreendedorismo Feminino foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de reconhecer o papel essencial das mulheres como motor de inovação. Em todo o mundo, mulheres são responsáveis por negócios que não apenas geram emprego, mas impulsionam economias inteiras. Entretanto, elas ainda enfrentam barreiras significativas, como a restrições no acesso ao crédito, oportunidades desiguais e estereótipos que limitam seu potencial.
No Brasil, as mulheres representam 34% dos negócios e já somam mais de 10 milhões de empreendedoras, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dados do Sebrae revelam que essas empresárias são, em média, mais escolarizadas que seus colegas homens e apresentam menor inadimplência, mas continuam a enfrentar taxas de juros mais altas.
Além disso, o desafio de equilibrar trabalho e responsabilidades domésticas ainda recai desproporcionalmente sobre elas, limitando o crescimento de seus empreendimentos. Neste cenário, Simone Salgado, empresária e autora do livro Inteligência Emocional Feminina, lembra que o empreendedorismo para as mulheres não é apenas uma questão de negócios, mas uma ferramenta de transformação social e pessoal.
"Eu vejo que hoje existe já um movimento de empoderamento feminino que é muito importante, mas o desenvolvimento da educação prática para empreender, é fundamental", afirma. "Empreender exige coragem, equilíbrio emocional e resiliência. As mulheres têm, sim, tudo o que é necessário para liderar e transformar o mercado, e esse reconhecimento precisa ser constante", ressalta Salgado, que incentiva as mulheres a enxergarem o empreendedorismo como um caminho para romper barreiras e conquistar independência.
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Em meio a jornadas duplas e desiguais, as mulheres empreendedoras enfrentam desafios únicos. Ainda de acordo com o levantamento, elas gastam o dobro do tempo com tarefas domésticas em comparação aos homens e recebem menos apoio em suas iniciativas. Mariana Magon enfrenta essa realidade. Ela é fundadora da Marimá, uma marca de acessórios que nasceu em 2024 com um propósito claro: fortalecer a autoconfiança das mulheres.
"Ao contrário de muitos, o empreendedorismo não era um dos meus sonhos. Meu plano de carreira era crescer no mercado corporativo e me manter exclusivamente nele. Ao mesmo tempo, em 2023, eu decidi profissionalizar minhas redes sociais, que sempre foram bem movimentadas, e, em 2024, meu perfil cresceu muito", conta Magon.
A empresária começou a compartilhar sua rotina intensa no trabalho CLT como publicitária, enquanto cursava a pós-graduação em marketing de moda. Com isso atraiu inúmeros seguidores que se identificaram com ela.
A ideia de empreender surgiu enquanto Mariana lia o livro "A Moda Imita a Vida", de André Carvalhal, no caminho para o trabalho. "Eu me peguei pensando, tenho valores que estão ficando bem nítidos nas minhas redes sociais. Seria muito legal ter uma marca para tangibilizar isso", conta ela. Em apenas três meses, a Marimá ganhou forma, trazendo acessórios que refletem força e ambição feminina.
"O meu propósito com a marca é contribuir com a autoconfiança de cada mulher por meio dos acessórios, para que elas enfrentem os desafios no dia a dia, estando sempre um passo mais próxima dos seus objetivos, independentemente de quais forem eles", diz Magon.
"Cada uma tem sua jornada, seus obstáculos e suas metas, e acredito que o segredo para o sucesso é ter clareza de cada um desses pontos, para darmos nosso melhor a cada dia, com as condições que temos em mãos no momento", complementa a empreendedora que com apenas três meses de operação já tem se destacado no mercado digital.
Fator gênero
Amanda Ramalho encontrou no empreendedorismo uma extensão de sua vocação como advogada. Desde cedo, percebeu que criar seu próprio escritório era a única maneira de exercer a advocacia da forma como acreditava. "Empreender é um estado de espírito", afirma Amanda, que já liderou iniciativas em diferentes setores, como governança condominial e comunicação.
Apesar das barreiras da desigualdade de gênero no mercado, a advogada acredita que a chave para o sucesso está no apoio familiar e em mentores que a ajudam a enxergar os desafios com clareza. Hoje, ela se inspira na responsabilidade de liderar e impactar vidas. "Minhas decisões não afetam apenas a mim, mas a outras pessoas. Essa consciência me dá forças para continuar", diz.
Ela aconselha as mulheres que desejam empreender: "Cerque-se de pessoas prósperas e generosas. Busque apoio em redes de mulheres fortes. E lembre-se, liderança pode ser feita com respeito, compaixão e amizade".