No primeiro dia de novembro, o dólar manteve o ritmo de alta do mês de outubro e registrou a maior valorização diária ante o real desde o último dia 20 de setembro. Nesta sexta-feira, o câmbio da moeda norte-americana fechou em alta de 1,53%, cotado a R$ 5,87, com o real registrando a pior queda entre 22 das principais moedas do mundo inteiro, seguido pelo peso mexicano e o rublo russo.
O valor do dólar comercial no mercado interno operou em alta durante todo o dia e acelerou para uma valorização acima de 1% ao longo da tarde. Com o resultado de hoje, o dólar emplacou a quinta semana consecutiva de valorização ante o real. Durante esse período, o câmbio acumulou um avanço de mais de 8%.
Ao longo do dia, os investidores reagiram aos dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, divulgados pela manhã no payroll de outubro. De acordo com a publicação, a taxa de desemprego norte-americana permaneceu estável, em 4,1%, em linha com as expectativas do mercado. Apesar disso, os investidores ainda avaliam que há um movimento de desaceleração do emprego no país.
Na avaliação da analista e gerente de Research da Nomad, Paula Zogbi, apesar da queda brusca na criação de novas vagas, manutenção na taxa de desemprego e, junto com outros dados divulgados ao longo da semana [como PMI nesta sexta e PIB na última quarta-feira (30/11)], o mercado mantém a narrativa de uma atividade econômica robusta para os EUA.
“Importante lembrar que o payroll foi influenciado por greves e eventos climáticos, ainda que não seja possível quantificar o impacto formalmente. A proximidade da eleição americana na terça-feira (5/11) também pesa, pela volatilidade que esse momento adiciona ao mercado e as perspectivas para potenciais políticas que poderiam fortalecer a moeda”, avalia a especialista.
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Apesar do movimento global de alta do dólar, a analista ressalta que isso não justifica o resultado da taxa de câmbio brasileira, que registrou um dos piores desempenhos no dia.
“Por aqui, o mercado digere notícias de que medidas de contenção de gastos não devem ser anunciadas na próxima semana, e há rumores de que as propostas não deverão trazer mudanças estruturais. A saúde fiscal é o principal fator de risco para o câmbio e os ativos brasileiros atualmente, e deverá continuar sendo monitorado de perto”, completa Zogbi.
Bolsa registra forte desaceleração
Enquanto o dólar manteve a trajetória de alta, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) encerrou o dia em queda de 1,23%, aos 128.120 pontos. Ao longo da semana, o indicador acumulou baixa de 1,36%, com as principais ações listadas registrando performances abaixo da média.
O resultado negativo da bolsa brasileira foi alavancado por quedas de ações de grandes varejistas e bancos nacionais. Os papeis do Magazine Luiza (MGLU3) tiveram a segunda pior queda entre todas as listadas no índice, com um recuo de 6,87%. As ações da Petrobras (PETR4) também fecharam em baixa (-1,55%), mesmo com um aumento no preço do petróleo no mercado internacional.
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