Em Washington, Estados Unidos, para um encontro de líderes de autoridades monetárias e ministros de governo, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, comentou que o aumento da taxa Selic em 0,25 pontos percentuais na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mesmo com um corte nos EUA, ocorreu devido a uma desancoragem das expectativas de inflação.
“O que nós temos visto é que a economia foi muito resiliente. O mercado de trabalho foi muito firme. Nós estamos vendo agora um hiato de produto pelo lado positivo e, também, nas projeções de inflação, todas as estimativas começaram a desancorar. Então, nós entendemos que foi um momento oportuno para começar a tratar sobre essas questões”, disse Campos Neto, em entrevista à CNBC, canal de notícias norte-americano.
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O presidente da autoridade monetária ainda destacou ser importante a comunicação sobre alcançar a meta fiscal, no qual ele reiterou que o BC deve continuar em busca mais seriamente, relembrando os períodos recentes de inflação elevada no país desde a última década.
“O importante é que, quando olhamos para a história do Brasil, em diferentes ciclos, nós fomos capazes de superar o tempo de trabalho todas as vezes em que terminamos um ciclo e avaliamos que foi menor”, acrescentou.
“Sem pouso”
Em agosto de 2022, a Selic atingiu o maior patamar em seis anos, com o Copom aumentando a taxa para 13,75% ao ano. Desde o segundo semestre de 2023, houve sucessivos cortes, até o comitê decidir elevar em 0,25% na última reunião, o que fez com que voltasse para 10,75%, em virtude de uma maior pressão sobre a inflação e aumento do câmbio, na análise do BC.
Para Campos Neto, o Brasil passa por um caminho de “aterrissagem tranquila”, ao se referir sobre a possibilidade de corte de juros em um futuro não tão distante. Ele citou o exemplo dos Estados Unidos, que pela percepção do mercado, houve uma demanda maior em pouco tempo para uma queda da taxa no país, o que, na visão do atual presidente do Banco Central — cargo ocupado por ele até o fim de 2024 —, não é o caso do Brasil neste momento.
“O cenário mostra que há poucas possibilidades para um pouso forçado e que o cenário “sem pouso” tem crescido, mas ainda acreditamos que o cenário básico é uma aterrissagem tranquila e isso será relevante para o resto do mundo e para todos os países que procuram fazer com que a política monetária olhe mais para frente”, sustentou.
Ainda no campo da taxa de juros, Campos Neto destacou que há um crescimento econômico “surpreendente” no Brasil, mesmo com uma política monetária mais restritiva. “Então, por algum motivo, nós conseguimos nos manter com altas taxas ainda a surpreender, com a economia crescendo. Parte disso é o físico, mas outra parte são as mudanças estruturais que nos permitiram estar nessa posição”, concluiu.