ATIVIDADE ECONÔMICA

Setor de serviços perde força e registra queda de 0,4% em agosto

Segmento de serviços, que é o que mais emprega, após dois meses de crescimento, segundo o IBGE

O setor de serviços, que é o que mais emprega, recuou 0,4%, em agosto, interrompendo dois meses seguidos de crescimento. Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma expansão de 1,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Apenas duas das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE ficaram no campo negativo, o maior impacto foi da atividade de informação e comunicação, com queda de 1%. A maior influência, de acordo com a pesquisa, foram dos serviços audiovisuais, que apresentaram retração de 6,6%. "A queda da receita dos cinemas está relacionada ao fato de julho ter sido um mês de recesso escolar e ir ao cinema é um programa bem comum nessa época do ano. Assim, tivemos uma queda nas receitas das salas de cinema em agosto frente a julho", explicou o gerente da pesquisa do órgão ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, Rodrigo Lobo.

Outra atividade que registrou retração foi no setor de transportes, com recuo de 0,4%. Foi a segunda queda seguida do segmento, que acumula perdas de 2%. O resultado do mês foi impactado, principalmente, pelo transporte aéreo. No campo positivo, as atividades de outros serviços e de serviços prestados às famílias registraram avanços, respectivamente de 1,4% e de 0,8%. O setor de serviços profissionais, administrativos e complementares ficou estável em agosto. No acumulado do ano, o volume de serviços cresceu 2,7% frente a igual período de 2023. Já no indicador dos últimos 12 meses, houve avanço de 1,9% em agosto de 2024.

Para o economista Matheus Pizzani, da CM Capital, o dado é uma importante contribuição para a revisão das análises e projeções feitas acerca do nível de atividade econômica e inflação do país. "A perspectiva era de que o aquecimento do setor de serviços observado até a primeira metade do ano seria um vetor importante para explicar a possível divergência das projeções para o resultado efetivo do PIB (Produto Interno Bruto) de 2024", lembrou. Ele afirmou que o então crescimento do setor também era encarado com cautela pelo Banco Central. "Um maior dinamismo dos serviços para a esfera dos preços poderia colocar em risco a trajetória da política monetária e até mesmo ser um catalisador dos vetores que levaram o BC a iniciar um novo ciclo de alta de juros", destacou.

Segundo Pizzani, com as novas perspectivas, resta pouco espaço para sustentação de um cenário de maior pressão sobre os indicadores inflacionários correntes. "Será importante acompanhar também como se comportará o mercado de trabalho nesse ambiente, além dos impactos desta conjuntura para o cálculo de hiato do produto do Banco Central, que até aqui segue como principal variável explicativa para este novo ciclo", avaliou.

O IBGE divulgou, ontem, uma revisão ampla na série histórica da PMS. Antes, o setor cresceu 0,8%, em agosto de 2023, ante agosto de 2022. Agora, a alta foi revista para 1,8%.

 

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