SABATINA NO SENADO

Galípolo: 'Cabe ao BC colocar o juro em nível restritivo pelo tempo necessário'

O indicado à presidência do BC afirmou que o cenário inflacionário traz informações muito relevantes para a condução da política monetária e disse ainda ser contra o voto da autarquia à meta de inflação

O indicado à presidência do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira (8/10) em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que cabe à instituição colocar o juro em nível restritivo pelo tempo necessário para atingir a meta de inflação.

Segundo ele, o cenário inflacionário traz informações muito relevantes para o BC, assim como o mercado de trabalho.

“Hoje temos uma meta estabelecida de 3,0%, que cabe ao Banco Central perseguir de maneira efetiva, colocando a taxa de juros em um nível restritivo pelo tempo que for necessário para se atingir essa meta. Essa é a função do Banco Central, assim como funciona o arcabouço institucional e legal do Banco Central", afirmou.

O economista enfatizou ainda que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação dentro do Conselho Monetário Nacional (CMN). O colegiado é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente da autoridade monetária.

Na ocasião, Galípolo reforçou que não é papel do BC interferir no câmbio, que tem política flutuante, “uma linha de defesa para choques que afetem a economia”, de acordo com ele.

“Havia expectativa quando entrei no BC que haveria mudança, mas o ano de 2023 foi o primeiro que não teve intervenção, aí me chamaram de mão fraca”, disse. “Mas o BC tem uma institucionalidade que sabe como reagir e tenho tentado também trazer o máximo possível essas conversas para o colegiado”, emendou.

Perfil conservador

Segundo Galípolo, a economia brasileira dá sinais de estar em estágio diferente do resto do mundo. “No Brasil, desemprego está na mínima da série histórica, renda crescendo e combinação entre inflação e desemprego entre as melhorias do Plano Real”, mencionou.

Ele afirmou que os dados sugerem uma economia que não está em processo de desaceleração. “Isso não é ruim, mas a bola que o BC tem de estar de olho é a inflação”, alertou. “Não cabe ao BC correr risco e sua função é ser mais conservador para garantir que a taxa de juros esteja no nível certo para levar a inflação para a meta”, completou.

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