Campinas (SP) — Presente no dia a dia dos consumidores brasileiros, os supermercados buscam alternativas para se reinventar e incorporar tecnologias e funcionalidades para otimizar a experiência do cliente, além de aumentar os lucros e priorizar a sustentabilidade. Experiências baseadas em inteligência artificial lançadas no exterior, ou até mesmo em território nacional, passam a fazer parte da rotina do varejo alimentar, que testa novas maneiras para fidelizar o cliente na era do e-commerce.
Baseado nas dificuldades causadas pelo tempo de espera em filas de supermercado, uma empresa voltada para soluções de segurança no varejo lançou, há dois anos, um sistema que permite que o cliente pague pelos produtos sem entrar em filas, por meio de uma máquina instalada no próprio carrinho, com cartões de crédito ou débito convencionais.
Saiba Mais
-
Economia 7 ações estratégicas para impulsionar o seu negócio
-
Economia Alta do petróleo acende o alerta amarelo, segundo analistas
-
Economia "Teremos regras claras para publicidade de bets", diz presidente do IJL
-
Economia Balança comercial apresenta saldo positivo de US$ 5,3 bi em setembro
-
Economia AGU publica regras do Desenrola Agências Reguladoras
-
Economia Governo aprova tributação mínima para multinacionais; entenda detalhes
Projetada com cinco câmeras com inteligência artificial, a solução foi desenvolvida para atender a critérios de segurança, para evitar possíveis fraudes e roubos ao longo do processo. "É uma nova experiência de compra para o cliente, onde aquela mãe que não tem tempo de ficar com os filhos consegue fazer uma compra mais rápida, sem ter que passar pelo caixa", afirma o CEO da Nextop, Juliano Camargo.
O carrinho inteligente é uma das inovações divulgadas na Abras 24' Food Retail Future, um evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que reuniu mais de 1 mil representantes do setor de varejo alimentar e outros convidados em 16 e 17 de setembro, em Campinas (SP). O encontro, que chegou a 58ª edição, teve como tema Melhorando a vida do consumidor.
Outro desafio inevitável para os supermercados, diante das novas tendências relacionadas ao aumento das compras on-line, é a perda de clientes para o ambiente digital. Diante disso, programas de fidelização podem ser uma boa opção para manter o número de consumidores frequentes. Pensando nisso, o empresário Rodrigo Doria criou em 2016 uma startup que oferece um programa de pontos com sorteios semanais que busca solucionar três problemas: necessidade de receita, falta de troco nos caixas e ineficiências operacionais no varejo alimentar.
Presente em mais de 5 mil lojas e com 25 mil pontos de venda (PDV) habilitados, a Supertroco já tem mais de 7 milhões de clientes únicos em todo o Brasil. Para o CEO da empresa, Rodrigo Dória, a falta de moeda no mercado é um problema de longa data para o varejo, que atravessa um momento de transformação, com o crescimento de ferramentas do marketing e e-commerces, do digital, o que gera, naturalmente, um desafio de posicionamento para o varejo.
"E a gente vê, em todos os eventos que a gente participa, que existe muita experiência no varejo, então, um grande diferencial do físico versus o digital é que, no físico, você tem uma experiência mais completa", complementa.
Avanço
O setor de supermercados no Brasil tem mostrado crescimento constante nos últimos anos. Em 2022, o faturamento total alcançou R$ 695,7 bilhões, representando 7,03% do PIB do país naquele ano. Além disso, o setor emprega diretamente e indiretamente cerca de 3,2 milhões de pessoas, com mais de 94.700 lojas em operação no Brasil, segundo dados da própria Abras.
Para o especialista e head de Varejo da BlueYonder — empresa especializada na transformação digital na cadeia de suprimentos — no Brasil, Marcelo Piccin, os consumidores querem ter uma experiência omnichannel, o que significa, de acordo com o termo em inglês, que esse público demanda uma presença mais estratégica da empresa nos canais de comunicação e venda.
Na era digital, a jornada do cliente se tornou ponto focal das indústrias e varejistas que buscam vantagem competitiva, com a personalização sendo a chave de sucesso, na avaliação de Eduardo Bonelli, diretor geral de Marketing e Vendas para Varejo da Ajinomoto — empresa japonesa que produz alimentos, óleos de cozinha e remédios — no Brasil.
Segundo Bonelli, algumas tendências relacionadas ao uso de IA já começam a ser vistas com mais frequência em supermercados, como os chatbots que trazem recomendações personalizadas, e tecnologias como machine learning, que podem ajudar os varejistas a melhorar a experiência de seus clientes por meio de personalização, eficiência na cadeia de suprimentos e no e-commerce que vem apresentando crescimento acelerado.
* O jornalista viajou a convite da Abras