Empreendedorismo

10 ensinamentos dos mais velhos sobre saúde mental no emprego

Com a experiência de quem já superou desafios pessoais e profissionais, pessoas da terceira idade são verdadeiros agentes de transformação

Pessoas idosas também desempenham um papel importante no mercado de trabalho, contribuindo com sua experiência e conhecimento acumulados ao longo dos anos. No entanto, é fundamental refletir sobre a saúde mental desse grupo, pois eles podem enfrentar desafios únicos. Por outro lado, também podem oferecer uma valiosa contribuição em termos de saúde mental para seus colegas mais jovens.

Antigamente, falar sobre emoções, estresse e bem-estar mental era um tema raro e reservado, com acesso limitado a tratamentos e terapias que garantiam qualidade de vida. O avanço social e econômico, juntamente com a crescente conscientização sobre a importância da saúde mental, possibilitou que mais pessoas, independentemente da idade ou classe social, cuidem melhor de si.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população idosa brasileira (pessoas com 60 anos ou mais) cresceu 18% entre 2012 e 2021, representando cerca de 14,7% da população total. Além disso, o envelhecimento populacional está acelerando, com projeções em torno de 25,5% até 2060.

Quando falamos em mercado de trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que os colaboradores mais velhos, além de terem experiência, possuem um conjunto de habilidades interpessoais valiosas para as equipes. Segundo um relatório da OIT, a inclusão de trabalhadores mais velhos pode aumentar a produtividade em até 25%.

Saúde mental dos idosos

Aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros sofrem de depressão, sendo que o número de idosos diagnosticados com depressão tem aumentado gradativamente, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). A atenção à saúde mental na terceira idade se tornou um ponto de destaque, principalmente diante da crescente expectativa de vida e do envelhecimento populacional.

“Estamos caminhando para uma realidade em que falar sobre saúde mental já não é mais um tabu. As pessoas estão cheias de problemas para resolver e com cada vez mais dificuldade de lidar com tudo o que acontece em suas vidas”, menciona a especialista Ana Tomazelli, mentora de carreiras, psicanalista e Presidente do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas).

“Os profissionais precisam ter em mente que a saúde mental é o que os mantém de pé, e não se pode fazer dela algo secundário”, ressalta. Seu alerta destaca a importância de dar prioridade à saúde emocional, especialmente dos mais velhos, para garantir não apenas a longevidade, mas também a qualidade de vida dos profissionais da terceira idade.

Importância dos trabalhadores mais velhos

Os trabalhadores da terceira idade têm um papel essencial no ambiente corporativo moderno, não apenas pela sua experiência profissional, mas pela capacidade de promover uma cultura de bem-estar e equilíbrio emocional. Ao compartilharem suas habilidades e práticas de autocuidado com as novas gerações, eles criam um ambiente mais saudável e acolhedor.

A pesquisa da AARP (American Association of Retired Persons) revela que 77% dos entrevistados disseram que ter colegas mais velhos é uma oportunidade de adquirir novas habilidades. Além disso, 69% disseram que os funcionários mais velhos tornam o ambiente de trabalho mais produtivo.

“Os veteranos trazem consigo uma perspectiva valiosa sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Tendo vivenciado diferentes fases da vida e desafios ao longo de suas carreiras, esses profissionais são exemplos vivos de como lidar com o estresse, encontrar tempo para autocuidado e priorizar a saúde mental”, explica Renato Herrmann, especialista em Diversidade e Inclusão e Saúde Mental no trabalho.

Segundo ele, os benefícios de pessoas mais velhas nas empresas se estendem ainda mais. “Ao implementar práticas que incentivam um ritmo de atividades mais sustentável, os trabalhadores mais velhos ajudam a redefinir normas de produtividade e bem-estar, beneficiando o ambiente empresarial”, acrescenta.

Pessoas da terceira idade são verdadeiros agentes de transformação (Imagem: fizkes | ShutterStock)

Contribuições dos mais velhos

Com a experiência de quem já superou desafios pessoais e profissionais, pessoas da terceira idade são verdadeiros agentes de transformação, promovendo o bem-estar não apenas de si, mas também das gerações mais jovens. A seguir, destacamos 10 dicas de como manter a saúde mental no emprego:

1. Cultive a resiliência

Ao longo da vida, as pessoas mais velhas desenvolvem resiliência ao lidar com diferentes adversidades. Essa habilidade os ajuda a manter a calma e o equilíbrio em situações de pressão, inspirando colegas mais jovens a lidar de forma saudável com desafios rotineiros.

2. Compartilhe sabedoria emocional

Com anos de vivência, os trabalhadores mais velhos acumulam uma rica bagagem emocional. Eles entendem a importância de lidar com o estresse, a ansiedade e os relacionamentos no ambiente profissional, e podem compartilhar dicas de como enfrentar essas questões de maneira saudável.

3. Pratique a escuta ativa

Uma das maiores contribuições é a capacidade de ouvir. A escuta ativa e atenta ajuda a criar um espaço acolhedor, em que colegas se sentem à vontade para expressar suas preocupações, melhorando a coesão da equipe.

4. Promova o autocuidado

Encorajar práticas como pausas durante o expediente e exercícios pode ser uma forma simples e eficaz de reduzir o estresse. Ao adotar o autocuidado, é possível mostrar como equilibrar produtividade com bem-estar.

5. Mentoria e apoio às novas gerações

A mentoria é uma das formas mais eficazes dos mais velhos ajudarem colegas mais jovens a desenvolverem suas carreiras. Além de orientar sobre aspectos técnicos, a mentoria pode incluir dicas valiosas sobre como cuidar da saúde mental, especialmente em momentos de transição ou estresse, e como lidar com situações típicas de diferentes momentos da vida, como o casamento, a maternidade e a paternidade e o envelhecimento.

Idosos, com mais experiência de vida, sabem da importância de desconectar e definir limites para evitar o esgotamento (Imagem: Ground Picture | ShutterStock)

6. Estabeleça limites saudáveis

O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é fundamental. Idosos, com mais experiência de vida, sabem da importância de desconectar e definir limites para evitar o esgotamento. Ao compartilhar essa prática com os mais jovens, ajudam a criar uma cultura corporativa mais saudável. Esse grupo também tem um papel relevante em incentivar as práticas de equilíbrio, lembrando sempre que cada pessoa é diferente.

7. Incentive o diálogo aberto sobre saúde mental

Os veteranos de hoje – que entendem a importância do cuidado com a saúde mental e o praticam – compreendem que falar abertamente sobre essas questões pode ser transformador. Ao encorajarem conversas sobre o assunto, eles contribuem para a criação de um espaço corporativo mais inclusivo, empático e de segurança psicológica.

8. Valorize o trabalho colaborativo

A solidariedade intergeracional é uma das maiores forças dos idosos no meio profissional. Suas experiências de vida ensinaram o valor do trabalho em equipe e, portanto, sabem como colaborar construtivamente.

9. Incorpore atividades físicas na rotina

Atividades simples como alongamentos no escritório ou caminhadas curtas podem fazer maravilhas para o corpo e a mente. As pessoas com mais idade, muitas vezes, adotam esses hábitos e podem incentivar colegas a fazer o mesmo, promovendo o bem-estar físico e mental.

10. Celebre conquistas e pequenas vitórias

A experiência de vida ensina os idosos a valorizar momentos de sucesso e pequenas conquistas diárias. Ao celebrar essas vitórias no local de trabalho, eles promovem um espaço positivo e motivador.

“Um ambiente corporativo que entende o valor de incentivar o bem-estar mental de seus profissionais, por meio de suas ações e falas, tende a ser mais produtivo, inovador e resiliente diante dos desafios do mercado, o que, portanto, aumenta os lucros das organizações ou, minimamente, ‘economiza’ o que a organização já está perdendo com o adoecimento das pessoas”, conclui Renato Herrmann. 

Por Letícia Carvalho

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