BANCO CENTRAL

Segundo teste para Gabriel Galípolo no Senado Federal antes de presidir BC

Indicado por Lula para suceder Roberto Campos Neto no comando da instituição, diretor de Política Monetária passará por sabatina com senadores na CAE e, se aprovado, terá o nome submetido ao plenário da Casa

Gabriel Galípolo, ao lado do ministro Fernando Haddad, em agosto, quando foi escolhido por Lula para presidir o BC a partir de 2025  -  (crédito:  Mateus Bonomi/ESTADÃO CONTEÚDO)
Gabriel Galípolo, ao lado do ministro Fernando Haddad, em agosto, quando foi escolhido por Lula para presidir o BC a partir de 2025 - (crédito: Mateus Bonomi/ESTADÃO CONTEÚDO)

O Senado Federal avalia, hoje, o nome do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para assumir a presidência da autarquia a partir de 2025. Essa será a primeira troca de comando do BC na era da autonomia operacional da instituição, decretada em 2021. Os parlamentares farão questionamentos ao economista sobre assuntos pertinentes a sua possível gestão à frente da autarquia.

A partir das 10 horas, Galípolo será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. No fim da tarde, a indicação deverá ser votada pelo plenário da Casa. Essa será a segunda passagem do economista pelo crivo dos senadores. Em julho de 2023, ele foi sabatinado para assumir o cargo de diretoria do BC.

Na tarde de ontem, Galípolo reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio da Alvorada, residência oficial do Executivo. O encontro não foi informado na agenda oficial.

A expectativa é de que o interrogatório seja tão tranquilo quanto o primeiro. O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse ontem aos jornalistas que a aprovação de Galípolo é dada como certa por integrantes da Fazenda.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não tem poupado elogios ao indicado de Lula para comandar o BC. "Quero destacar o nosso reconhecimento sobre a boa qualidade do indicado, o qual conviveu conosco aqui, inclusive em discussões relevantes como a da reforma tributária. E, naturalmente, nesse tempo, terá o Gabriel Galípolo a oportunidade de estar com todos os senadores e senadoras para apresentar o seu pensamento sobre a política monetária, os seus pensamentos para o Banco Central do Brasil", disse, na última sessão presencial do Senado, antes das eleições municipais.

Se tiver seu nome aprovado pelos senadores, o economista substituirá Roberto Campos Neto, que está no comando do BC desde 28 de fevereiro de 2019. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o titular colecionou críticas do governo Lula, principalmente pelo alto patamar da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75% ao ano.

A autonomia da autarquia, perspectivas sobre a política econômica, condução dos juros e o regime de metas de inflação são alguns dos temas que devem ser alvos de questionamentos pelos parlamentares. Segundo Fábio Andrade, economista e cientista político da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), historicamente essas sabatinas raramente resultam em rejeições. "No entanto, dada a polarização política atual, é possível que a sabatina seja mais rigorosa do que o usual, mas, ainda assim, Galípolo deve ser confirmado e assumirá a presidência do Banco Central", avaliou.

Nos últimos meses, o diretor de Política Monetária deu uma série de declarações públicas "preparando o terreno" para um ambiente de maior confiança por parte do mercado nas decisões e na independência da autarquia, conforme destacou Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos. "Se o mercado confiar que as decisões do Banco Central são tomadas com base em critérios técnicos e objetivos econômicos e não políticos, vai ser ainda mais fácil para o presidente governar depois, com menos interferência, com menos ruído e menos atritos", afirmou.

Para ser aprovado na CAE, são necessários os votos da maioria dos integrantes da comissão. Depois, a indicação deve ser analisada pelo plenário da Casa, votação que está prevista para ocorrer na sequência da sabatina na comissão. Para aprovação também será necessário maioria simples, com 41 votos favoráveis dos 81 senadores.

Iniciativa privada

Gabriel Muricca Galípolo, 42 anos, é formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Economia Política na mesma instituição. Chegou a atuar como professor em cursos de graduação, entre 2006 e 2012, na mesma universidade. Também deu aulas no curso MBA de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP).

A carreira na área pública começou em 2007, quando ocupou a Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos, na gestão do então prefeito José Serra (PSDB). Em 2008, foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado de São Paulo.

Entre 2017 e 2021, voltou à iniciativa privada para assumir a presidência do Banco Fator, focado em parcerias público-privadas e programas de privatização. Foi ainda pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em 2022, e atuou também como conselheiro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entre 2022 e 2023. Antes de integrar a equipe de Política Econômica do BC, Galípolo ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, no início da gestão de Haddad.

A sabatina será transmitida pela Agência Senado, pela televisão, e pelo canal oficial da Casa no YouTube. Os cidadãos que desejem sugerir perguntas podem entrar em contato pelo telefone da Ouvidoria do Senado (0800 061 2211) ou pelo Portal e-Cidadania. As perguntas poderão ser lidas por senadores e debatedores do tema ao vivo.

 

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postado em 08/10/2024 03:00 / atualizado em 08/10/2024 15:34
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