O mercado financeiro inicia a semana com as atenções voltas para a a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central que será divulgada hoje. A expectativa é de que o documento traga mais detalhes sobre a decisão da última semana, quando o BC elevou a taxa básica da economia (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
A ata deverá indicar os próximos passos da autoridade monetária em meio ao cenário de inflação persistente e de crescimento econômico mais acelerado do que o previsto. Além disso, deverá repercutir a decisão do relatório bimestral de avaliação de receitas de despesas do Orçamento deste ano, que ampliou em R$ 2,1 bilhões o bloqueio de gastos, totalizando R$ 13,3 bilhões.
Com a inevitável piora do quadro fiscal, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou em queda pelo quinto pregão consecutivo, recuando 0,38% a 130.568 pontos. E, para voltar ao pico de 137 mil pontos, alcançado há um mês, o Índice Bovespa (IBovespa) precisaria subir, pelo menos, 5%.
Após um agosto considerado ótimo, a Bolsa já afunda 4% em setembro. Já o dólar subiu 0,49%, cotado a R$ 5,54 para a venda.
Segundo João Kepler, CEO da Equity Fund Group, as recentes quedas do IBovespa mostram um pessimismo do mercado em relação à volta do aumento da Selic. "A principal arma para conter a inflação, também desacelera a economia e, obviamente, impacta as empresas de capital aberto. Porém, por outro lado, a queda do juros nos Estados Unidos fará com que o fluxo saia do país e migre para países emergentes, como o Brasil, por exemplo. Nas próximas semanas saberemos quem ganha essa queda de braço. A nossa economia está andando com mais dificuldade, ou o dinheiro do resto do mundo entrando aqui", afirmou.
Projeções
O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, trouxe revisões importantes nas expectativas macroeconômicas do mercado. Os economistas elevaram a projeção para a inflação de 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 4,35% para 4,37%. Foi a nona semana consecutiva de alta nas expectativas para o indicador do custo de vida. Para 2025, a projeção também subiu, passando de 3,95% para 3,97%.
Além da inflação, o Focus trouxe um ajuste para cima nas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, que passou de 2,96% para 3%. No que diz respeito à taxa Selic, os analistas aumentaram a projeção para 2024, passando de 11,25% para 11,50%, após a alta recente de 0,25 ponto percentual decidida pelo Copom. Para os anos seguintes, as projeções indicam uma Selic de 10,50%, no fim de 2025, e de 9,50%, em 2026.
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