O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deu um recado sobre as incertezas no campo fiscal e o aumento da taxa básica de juros (Selic). Ele afirmou que, historicamente, a queda dos juros está atrelada a uma melhor percepção sobre as contas públicas.
Campos Neto apontou que o país está tendo dificuldade para estabilizar a dívida pública. “Não existe harmonia monetária sem ter harmonia fiscal. Isso é importante", disse nesta sexta-feira (27/9) durante o 1618 Spring Investment Meeting, em São Paulo.
O chefe da autoridade monetária argumentou que a meta do Ministério da Fazenda para o resultado primário, de zerar o deficit fiscal neste e no próximo ano, está distante das expectativas dos analistas de mercado.
"Essa história de achar que eu vou fazer um monetário um pouco mais apertado e o fiscal um pouco mais frouxo acaba gerando uma ineficiência que atrapalha o canal da política monetária, e que faz com que a gente tenha que conviver com juros mais altos", emendou.
Transição
Questionado sobre a transição na presidência do BC, Campos Neto disse que vai “entregar o bastão e torcer para o próximo correr mais rápido do que eu”. Ele citou o ex-presidente do BC Ilan Goldfajn, que afirmou que esse processo era como uma corrida de bastão.
Quando assumiu o cargo, ele contou que pegou uma “barra muito alta” pelo que seu antecessor já havia feito. “Acho que a próxima pessoa que vai vir depois de mim vai pegar o bastão e espero que tenha a mesma visão: o que posso fazer para melhorar o que já foi feito”, disse.
O diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, é o indicado pelo governo para sucedê-lo. O presidente do BC afirmou ainda que espera que a autonomia financeira do órgão seja aprovada em breve.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br