O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entregou, nesta terça-feira (3/9), para a Eletronuclear, operadora das duas únicas usinas nucleares do Brasil, o estudo de viabilidade da continuidade da construção de Angra 3, que será a terceira unidade nuclear no país. Segundo o documento elaborado pelo banco, a conclusão da usina custará R$ 23 bilhões, ao mesmo tempo, encerrar a construção da unidade custará cerca de R$ 21 bilhões.
O abandono definitivo da obra, parada há quase uma década, custará quase o mesmo que o valor necessário para a conclusão da usina em função dos custos com a rescisão de contratos e as penalidades com as multas previstas, que devem chegar a R$ 2,5 bilhões. Também será necessário devolver incentivos fiscais recebidos para a importação e aquisição de equipamentos, na ordem de R$1,1 bilhão, e a quitação antecipada de R$ 9,2 bilhões em financiamentos junto à Caixa e ao BNDES contratados na primeira fase da construção.
O banco também apontou uma perda dos R$12 bilhões já investidos no projeto, R$ 940 milhões necessários para a desmobilização do que já foi realizado, além da perda de mais R$7,3 bilhões em custo de oportunidade do capital que foi investido.
O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, destacou o custo da desistência da terceira central nuclear do país. “É importante destacar que os custos para desistir de Angra 3 também não são baixos. A diferença é quem vai pagar essa conta”, disse Lycurgo.
O estudo identificou também que, com o investimento para a conclusão de Angra 3 – que só deve começar a operar comercialmente em 2031 – terá uma tarifa de comercialização da energia fornecida pela central nuclear em R$653,31/MWh. “Esta é uma etapa crucial para a continuidade da obra e determinação da tarifa de comercialização da energia que será gerada pela usina. Estamos confiantes de que as obras deslanchem em breve e que o setor nuclear volte a ser pujante no Brasil”, apontou o presidente da Eletronuclear.
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O estudo entregue à empresa aponta para a viabilidade técnica, econômica e jurídica do projeto e será entregue ao Ministério de Minas e Energia (MME) e aos acionistas, a ENBPar e a Eletrobras, mas caberá ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deve se reunir no final de setembro, dar a palavra final sobre a retomada, ou não, da construção de Angra 3.
O empreendimento, segundo a Eletronuclear, deve representar a criação de ao menos 7 mil empregos diretos na região sul fluminense onde está instalada a empresa.
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