O Caminho Nuclear do Brasil

Conclusão das obras em Angra 3 sofre com resistência da Eletrobras

Acionistas privados da Eletrobras sinalizam o interesse em deixar a sociedade na Eletronuclear, operadora da usinas nucleares brasileiras, e evitar um aporte de cerca de R$ 9,5 bilhões no projeto da terceira usina.

Privatizada em 2022, a Eletrobras pode ser uma trava para a conclusão de Angra 3. A empresa é acionista da Eletronuclear, operadora das usinas, com 35,3% de ações. O acordo de acionistas, selado durante a privatização, obriga a companhia a realizar um aporte de cerca de R$ 9,5 bilhões caso as obras sejam retomadas.

Como o governo Lula questiona o modelo escolhido na privatização da Eletrobras, com a União subrepresentada no Conselho da empresa, um acordo com os acionistas privados deve passar pela negociação da Eletronuclear. Enquanto o governo tenta aumentar seus poderes na gestão da Eletrobras, os acionistas privados condicionam o acordo à venda da fatia na Eletronuclear.

O governo já admite assumir 100% da Eletronuclear e renunciar ao compromisso de aporte da Eletrobras para terminar a terceira usina. O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que, embora a Eletrobras tenha a obrigação de investir em Angra 3, a empresa não manifesta interesse em continuar o projeto.

"A Eletronuclear virou uma empresa problema para o país. Não é uma empresa saneada, dinâmica, enxuta e eficiente. Vamos ter que achar uma solução para a Eletronuclear", disse o ministro em audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, há duas semanas.

Entre as negociações, há uma proposta de o governo trocar de 3% a 5% do capital que tem na Eletrobras pela totalidade das ações da operadora de Angra. Mas o Ministério da Fazenda já sinalizou o veto à proposta.

 

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