O Caminho Nuclear do Brasil

Usinas nucleares brasileiras, modernizadas lembram os projetos dos anos 1960

As duas usinas brasileiras, Angra 1 e 2, apresentam muitas diferenças entre o projeto norte-americano da primeira e o alemão da segunda

Angra dos Reis (RJ) - As duas instalações nucleares brasileiras guardam muitas diferenças nos projetos. Na visita do Correio a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), é possível observar essas particularidades.

Em Angra 1, a sala de controle, apesar de modernizada, conserva as características do projeto dos anos 1960. As estações de operação apresentam luzes, botões e alavancas, o que nos remete a filmes de ficção científica da época. Com espaços compactos, característica atribuída ao projeto derivar de reatores de submarinos, a usina gera 640 megawatts, o que garante o abastecimento de uma cidade do porte de Belo Horizonte.

Já Angra 2 tem espaços maiores. O reator fica protegido dentro de um prédio esférico de concreto e aço. A sala de controle, também modernizada, evoca a década de 1980. Com uma potência mais que o dobro da irmã mais velha, a usina gera 1.350 megawatts, suficiente para abastecer Brasília e Porto Alegre juntas.

No acesso ao complexo, é preciso seguir rígidas medidas de segurança. Deve-se passar por diversos scanners de radiação, antes e depois, para confirmar que não houve exposição radiológica. O protocolo, seguido como rotina pelos funcionários, gera algum receio em novatos.

O físico nuclear Mário Morgado, operador do reator de Angra 2, lembra da necessidade do cumprimento das exigências de segurança na visita ao reator, mas mostra confiança no protocolo preventivo. Conta que a família vive ao lado da usina, em uma vila da empresa. "Se a gente não confiasse na segurança, não manteríamos nossas famílias aqui ao lado", afirma.

Ele lembra que o gerador de Angra 2 é a maior máquina à vapor do hemisfério sul. Morgado se orgulha de fazer parte de um grupo de profissionais extremamente qualificados, doutores em áreas fins como engenharia, física e química, dedicados a um segmento restrito no país.

Em Angra 1, a engenheira Andreia Pontelo trabalha na Sala de Controle. Ela é a primeira mulher habilitada como operadora sênior de reator. Atualmente lotada na supervisão da usina, ela atuou como chefe interina da usina durante a visita do Correio. Na empresa desde 2002, a engenheira destaca a importância da fonte energética. "É uma fonte de energia muito importante para o Brasil pela sua capacidade de gerar uma quantidade enorme em um espaço muito pequeno e com um impacto (ambiental) mínimo", disse.

Apesar do entusiasmo, também é explicito entre os trabalhadores o incômodo com o impasse na conclusão da terceira usina, paralisada desde 2015, é apontada como causa para o desequilíbrio financeiro no caixa da Eletronuclear.

*O repórter e o fotógrafo viajaram a convite da Abdan

 

 


Mais Lidas