O diretor do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse, nesta quinta-feira (23/8), que se expressou mal ao se referir sobre a atuação do Comitê de Política Monetária (Copom) e o movimento da taxa de juros no Brasil.
Galípolo se referiu a um discurso proferido em evento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no qual afirmou que suas falas recentes não colocaram a instituição em um ‘corner’ em relação à decisão que o Copom deve tomar na próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro.
As falas foram consideradas duras pelo mercado e provocaram um aumento mais expressivo do dólar, que atingiu R$ 5,60 no fechamento. “Inflação fora da meta é situação desconfortável, e ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no BC”, disse Galípolo, contra a política fiscal.
Mais tarde, o diretor reconheceu que houve falha de comunicação no discurso anterior. Em outro evento, desta vez na Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou que quis dizer que há mais liberdade por parte da Autoridade Monetária em subir, ou não, a taxa Selic, e que o principal problema atual seria o descontrole fiscal e a consequente fuga da meta de inflação.
“O que quis dizer sobre estar em uma situação difícil para o Banco Central é que situação difícil para a Autoridade Monetária não é ser obrigado a subir juros. Isso está dentro do que é a atividade corriqueira das funções da Política Monetária”, explicou Galípolo. “A situação desconfortável é ter uma inflação fora da meta, com expectativas desancorando”, completou.
Desde maio, a taxa Selic está no patamar de 10,50% ao ano. Apesar de não haver uma sinalização clara que indique um novo aumento na próxima reunião, esta possibilidade também não está descartada, até mesmo devido à possibilidade maior de recessão nos EUA. O último Relatório de Mercado – Focus manteve a projeção para o fim de 2024 em 10,50%, mas elevou a estimativa para 2025, de 9,75% para 10%.