A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) bateu novo recorde pelo segundo dia seguido, ontem, fechando acima dos 136 mil pontos pela primeira vez na história, embalada, principalmente, pelo otimismo de investidores estrangeiros.
O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, registrou alta de 0,23%, a 136.087 pontos e com um volume de negócios de R$ 21,2 bilhões. E, apesar de os investidores apostarem que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), comecerá a cortar os juros, as bolsas norte-americanas operaram, ontem, no vermelho. Já o dólar avançou 1,31%, para R$ 5,483.
“Esse resultado parte das notícias positivas de curto prazo na economia do país, mas que não parecem se sustentar. A recessão norte-americana vai acontecer e a questão fiscal no Brasil é mais profunda do que as discussões de curto prazo sobre a meta fiscal”, alertou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Para o economista, pode ser que a Bolsa brasileira ainda tenha “algum abalo com a virada americana mais no fim deste ano”. Vale lembrou que os riscos políticos e econonômicos nos EUA têm implicações na decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro nos próximos meses. “A sustentação desse risco em conjunto com a falta de uma solução fiscal mais consistente, deve continuar mantendo a pressão sobre o câmbio ao longo do segundo semestre”, destacou.
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Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, também reconheceu que o investidor brasileiro tem mais motivos para ir para a renda fixa do que ir para a Bolsa, por conta da possibilidade de o Copom voltar a aumentar os juros, na contramão dos EUA.
De acordo com ele, a alta da B3 vem sendo puxada pelos investidores não residentes que, com a expectativa de corte nos EUA, aumentam o apetite pelos ativos de países emergentes, de forma geral, incluindo os do Brasil, mas esse interesse pode mudar a qualquer sinal diferente do Fed.
“O investidor estrangeiro, hoje, gira mais da metade da Bolsa brasileira. Se ele sentir que o Fed vai cortar os juros em novembro e dezembro, ele poderá ficar mais interessado pelos ativos de risco brasileiros e dos emergentes em geral. Mas, se ele ficar insatisfeito com o Fed, isso diminuiria o interesse”, afirmou. Segundo Cruz, se os juros subirem aqui no Brasil, "é difícil imaginar que o investidor brasileiro continue apostando na Bolsa".
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