Parte das cidades do Rio Grande do Sul ainda se encontra embaixo d’água. Mas, em lugares em que os níveis estão baixando, começa a surgir um cenário desafiador: casas, ruas, estabelecimentos comerciais e indústrias se apresentam totalmente destruídos. E tudo isso faz aflorar um senso comum de urgência na reconstrução do estado. No entanto, há uma pergunta que, apesar de ainda não ter sido feita, cedo ou tarde surgirá: poderá faltar insumos para a reconstrução do Rio Grande do Sul?
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Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC), Wagner Lopes, a palavra do momento é ordem e cautela. “As águas ainda não baixaram totalmente e muitas empresas do setor também foram atingidas e as que não estão nestas condições devem ir se preparando para o aumento da demanda”, disse.
Para o professor da área de Patologia das Construções e Tecnologia do Concreto, da Universidade do Vale dos Sinos, de São Leopoldo, Bernado Tutikian, é preciso aguardar. “Para que, após uma limpeza e desinfecção, avaliemos o que precisa ser reconstruído e o que pode apenas passar por uma manutenção”, afirmou.
No entanto, apesar desta necessidade de cautela, Bernardo acredita em um problema de abastecimento. “Toda uma indústria está embaixo d’água, inclusive as concreteiras. Teremos um aumento na demanda por insumos e diminuição da capacidade produtiva e acredito que não teremos como suprir isso”.
Wagner ressaltou que poderá haver falta de insumos por questões de infraestrutura. “Estradas, ruas e pontes foram destruídas e isso poderá limitar a chegada de matérias-primas e de material de construção no geral”, explicou. Ele ainda cita um insumo específico. “O abastecimento de areia, fundamental para a indústria concretícia, se dá por via fluvial e toda a estrutura portuária ou foi destruída ou está submersa ainda”, completou.
Manutenções
As manutenções e reconstruções também vão precisar de insumos. A presidente da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), Íria Doniak, citou a importância de se planejar, sobretudo no que se refere à logística. “Neste contexto, será preciso ter um planejamento estruturado para que os insumos possam ser distribuídos aos locais de forma adequada, sem desperdícios e com maior produtividade, a fim de atender as demandas da região”.
Íria também reafirmou a importância da tecnologia na reconstrução do estado. “A partir da realização desses diagnósticos, o setor possui soluções para dar celeridade na recuperação sustentável da região, utilizando, de acordo com a necessidade, ações combinadas, que podem incluir de forma parcial, mista ou total o uso de sistemas construtivos industrializados, que dão agilidade a esse processo, com previsibilidade de custos, mais sustentabilidade, produtividade, durabilidade, segurança e eficiência”, finalizou.