Sustentabilidade

Indústria caminha lentamente para transição energética, mostra pesquisa

Levantamento da CNI mostra que apenas 10% das indústrias pretendem investir em novas fontes de energia e maioria dos investimentos deve ser em gás natural

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 10% das indústrias brasileiras pretendem, em até 12 meses, investir em novos combustíveis para utilização na produção. O setor, que utiliza diversas fontes, parece caminhar lentamente para a transição energética, com 45% do investimento previsto para novas energias sendo usado para incluir o gás natural, 10% para eletrificar a produção e outros 10% para incluir a energia solar no processo industrial.

No último ano, as indústrias destinaram 44% do investimento em eficiência energética para a autoprodução de energia solar e 23%, na modernização de máquinas e equipamentos de melhor eficiência. Um fato positivo na matriz energética da indústria nacional é que 28% das indústrias que buscam substituir fontes indicam como meta a redução do consumo, ou a substituição total, na utilização de óleo combustível (como diesel), ao mesmo tempo, contraditoriamente, 20% dizem que esperam diminuir a dependência da energia solar.

A pesquisa ouviu 1.002 executivos líderes de indústrias de pequeno, médio e grande portes em todo o país, e mostra que, entre os diversos combustíveis utilizados, 96% das empresas fazem uso da eletricidade, seja comprada no mercado livre ou das distribuidoras locais, e 20% já utilizam a solar. Sobre a eletricidade comprada, 82% dos entrevistados apontam que a infraestrutura da rede precisa melhorar para atender à demanda do setor.

Outro fator, que preocupa 53% dos industriais, é o aumento no custo de energia percebido nos últimos 12 meses. Para 43% das empresas, esse impacto no custo da eletricidade é alto ou muito alto sobre a atividade industrial.

"O custo da produção da energia no Brasil é barato, mas a nossa conta de luz é uma das mais caras do mundo. Reduzir o preço da energia é uma obsessão da indústria brasileira. Para isso, a diminuição dos encargos é um imperativo, não apenas para contribuir com a competitividade do setor industrial, mas para garantir a sustentabilidade econômica do próprio setor elétrico nacional", disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Os dados da pesquisa apontam ainda que, apesar de 96% das indústrias utilizarem a energia elétrica nos seus processos produtivos, ela é a principal fonte energética de 80% das indústrias, enquanto a energia solar já representa 10%; o gás natural e o óleo diesel são o principal combustível para a produção em 2% das indústrias e 1% delas ainda utilizam a lenha como combustível principal.

O levantamento mostra também que a falha no fornecimento de energia é uma queixa frequente dos industriais: 70% tiveram ao menos uma queda de luz nos últimos 12 meses; 51% tiveram mais de cinco falhas de fornecimento ao longo de 1 ano; e 21% registraram problemas mais de 10 vezes nesse período, o que cria uma percepção de qualidade não muito boa sobre o fornecimento elétrico nacional.

Apenas 11% acham que o fornecimento é excelente; 43%, bom; 28%, regular; 9%, ruim; e 9%, péssima.

"O maior problema da queda de energia para a indústria é a paralisação da produção. A depender do tipo de empresa e da linha de produção, há perdas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho. São prejuízos consideráveis, que acabam impactando em custos elevados para as indústrias", apontou o gerente de Energia da CNI, Roberto Wagner Pereira.

Tributação

Para seis em cada 10 empresas do setor, uma redução na carga tributária poderia ter um grande impacto na queda do preço da conta de luz no Brasil. Para a indústria, os itens que mais impactam na conta de luz são a carga tributária, na opinião de 78% dos entrevistados, vindo, logo na sequência, segundo 29% dos participantes, os períodos de seca; para 27%, o custo com a transmissão da energia; 17%, subsídios pagos com a conta de luz; e 16%, custos com a geração da energia.

 

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