O governo federal anunciou, nesta semana, um corte de R$ 15 bilhões no Orçamento para 30 ministérios. O diretor-geral do Instituto Fiscal Independente (IFI), Marcus Pestana, disse, no entanto, que o corte é insuficiente para atingir a meta de zerar o deficit. O IFI prevê que a redução orçamentária deve ser em torno de R$ 57 bilhões para não aumentar a dívida nas contas públicas.
“O governo pode, neste ano de 2024, acumular um deficit, ou seja, gastar mais do que tem, até 0,25% do PIB, isso em termos de gastos primários. Mas, nós achamos que esses R$ 15 bilhões que foram bloqueados são insuficientes para atingir a meta”, destacou Pestana em entrevista ao CB.Poder nesta quarta-feira (31/7). O programa é uma parceria do Correio com a TV Brasília.
Assista à entrevista na íntegra:
“Nós estimamos que teria que ser alguma coisa em torno de R$ 57, R$ 58 bilhões, o governo está sinalizando R$ 15 bilhões. A gente precisaria de um esforço fiscal, que não só envolve corte de gastos, mas, também, o incremento de uma arrecadação para cumprir o deficit zero e não deixar os juros e as dívidas crescerem”, completou.
De acordo com o diretor, o maior problema para as contas públicas é a falta de investimento, tanto na ala privada, quanto na pública. “A gente fica discutindo sobre a árvore, enquanto deveríamos estar falando sobre a floresta. A baixa nos investimentos e o orçamento engessado vão causar um estrangulamento nas contas públicas em 2027. Não basta focar no consumidor para fazer a economia girar, o que constrói o futuro do país é a taxa de investimento, com a parceria público-privado”, argumentou.
Pestana lembrou ainda, no programa, que as taxas de investimento no Brasil sempre ficaram entre 20% e 24%, mas que o Brasil precisaria, este ano, de 25% de investimento para diminuir as dívidas. “São os investimentos em tecnologia e inovação que formam o Brasil. Não é o consumo que faz o desenvolvimento, são os investimentos estratégicos que fazem. Se não, o Brasil vai continuar pagando juros de dívida com mais dívida. Assim, vira uma bola de neve.”
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Além disso, Pestana frisou que as despesas obrigatórias, aquelas que estão previstas na lei, como salário dos servidores e Previdência, estão espremendo as despesas discricionárias, aquelas em que o governo pode decidir quando e como gastá-las, como em investimentos no serviço de saúde, educação, entre outros.
“Tem uma compreensão da margem de manobra que o governo tem, e o investimento sai pelo ralo. O Brasil vai perdendo a perspectiva de construção do futuro com investimentos estratégicos, até chegar ao ponto de estrangular totalmente as contas públicas”, enfatizou.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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