São Paulo — A feira anual de tecnologia bancária da Federação Brasileira de Bancos, a Febraban Tech, registrou 55 mil visitantes nos três dias do evento, encerrado nesta quinta-feira (27/6), de acordo com informações dos organizadores para o Correio. O público é 22% superior ao registrado na edição do ano passado, de 45 mil pessoas em três dias e bateu recordes históricos, tanto em público, quanto em área e número de expositores.
Os organizadores informaram que o evento contou com uma área construída de 19.681 m², crescimento de mais de 50% em relação à edição de 2023. Os locais de exposição também aumentaram, de 5.506 m² para 6.630 m², avanço de 20% no tamanho. No espaço, serão 226 áreas para os expositores, 20% acima das 188 registradas no ano passado. O volume de negócios ainda não foi fechado, segundo eles.
Um dos temas que dominou os debates nos auditórios do evento foi a inteligência artificial (IA) e como ela pode contribuir para as instituições financeiras reduzirem custos e melhorarem a prestação de serviços, explicou Ivo Mósca, diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban, em entrevista ao Correio.
De acordo com Mósca, os avanços com a IA generativa podem ajudar na eficiência operacional de atividades que contam com necessidades humanas. “A IA consegue reduzir o tempo de validação de modelos estatísticos de uma semana para poucos minutos, por exemplo. Os ganhos operacionais e as instituições possuem uma série de ações correlacionadas ao cliente que exigem esse tipo de agilidade”, explicou.
Mósca destacou que o atendimento dos bancos aos clientes com esse tipo ferramenta, que começou via chatbot, tem evoluído e, atualmente, em algumas etapas, a resolução pode chegar até 90%. “Com isso, é possível que o atendimento humano tenha mais qualidade e ganhos para o cliente”, explicou.
Em relação aos riscos de as bases de dados dos bancos precisarem ficar hospedadas na nuvem para que haja maior capacidade e processamento de programas de IA, garantiu que o sigilo bancário é preservado. “Nunca houve um grande caso de vazamento. As instituições financeiras tradicionais são robustas e a segurança é muito rígida. Portanto, tudo aquilo que se fala em levar para as nuvens não aumenta esse risco potencial”, acrescentou. “A nuvem aumenta a velocidade e reduz o custo de processamento e de segurança dos locais físicos”, afirmou.
O executivo da Febraban destacou que os vazamentos recentes de cadastros de chaves Pix estão relacionados a algum mecanismo que fica testando uma chave para ver se tem algum cliente em determinada conta. “Esses vazamentos acabam sendo parciais. Por regulação, os dados que aparecem são mascarados. E essa regra é para todas as instituições, por regulação, os dados que aparecem são mascarados”, afirmou. “E as grandes instituições têm uma série de mecanismos para evitar esse tipo de pesquisa”, acrescentou.
Open Finance x Pix
Ao contrário do Pix, que caiu no gosto da população e ajuda a alavancar as operações financeiras por aplicativos móveis, a plataforma de compartilhamento de dados entre as instituições financeiras, o Open Finance, ainda patina.
Citando dados de mercado, Mósca lembrou que, até agora, foram registrados mais de 43 milhões de consentimentos de dados de 28 milhões de clientes únicos. Esse volume é pequeno se comparado ao universo de clientes bancarizados, de 160 milhões, que realizam 5 bilhões de operações via Pix por mês. “O Pix tem um objetivo claro e o Open Finance é mais complexo e não tem um fim, é um meio”, explicou o executivo da Febraban. Ele ainda reconheceu que o Open Finance e suas vantagens ainda precisam ser melhor explicadas aos clientes mais desconfiados.
Conforme dados da Febraban, entre 2019 e 2023, as transações bancárias por smartphones registraram um salto de 251% no país, totalizando 130,7 bilhões, um avanço de 22% na comparação com o ano anterior.
*A jornalista viajou a São Paulo a convite da Febraban.